15 de nov. de 2013

Cheiro de família, cheiro de... Felicidade.

Abri os olhos e voltei a fechá-los. A luz do sol batia contra eles.
- Acorde (SeuNome) – ouvi. – É um grande dia hoje.
 Levantei da cama e espreguicei-me, hoje seria sim um grande dia. Finalmente iria sair da clínica, sim clínica, odeio quem fala sanatório.
- Vamos! Vamos! – Michele voltou a falar. Michele era a enfermeira, ela era alta, seus cabelos pretos amarados em um coque, a roupa branca, a pele bronzeada, Michele era realmente muito bonita.
- Calma! Isso tudo é pra se ver livre de mim? – disse olhando-a.
- Mais é claro que não! Você sabe o quanto eu vou sentir saudades. – ela disse olhando-me e sorrindo, mordi o lábio. Michele tinha entre 34 á 35 anos, ela sempre foi muito atraente, sempre me pegava olhando suas pernas, mas logo parava de olhar, claro, sou uma mulher comprometida.
- Já arrumamos suas coisas, trate de tomar banho – ela disse colocando a mão na cintura e olhando-me. – Sua mãe daqui a pouco deve esta ai.
- Tudo bem, senhorita. – disse levantando-me da cama e indo a direção ao banheiro.
 Tomei um banho rápido, sai do banheiro e vi a roupa sobre a cama, uma calça justa preta jeans, um suéter de listras, um casaco e botas. Fui até a janela, afastei a cortina e realmente nevava. O natal tinha passado, já estávamos na metade de janeiro, apresei-me em vestir a roupa, daqui a pouco eu iria sair daquele lugar.
 Andava em direção a saída da clinica, dei adeus á Michele, alguns médicos e a Jonh um amigo que eu fiz na clinica. Senti o vento gelado bater contra meu rosto, realmente era muito boa aquela sensação, eu poderia sair correndo, me tacar no meio da neve e ninguém ia fazer nada, afinal eu estava livre. Abri os olhos, sentindo um cheiro forte de rosas. Mamãe.
- Você sabe que eu odeio listras. – ela disse, Beatrice estava do mesmo jeito que venho me visitar, o cabelo cortado acima do ombro, mamãe odiava cabelos longos, um casaco de couro, um suéter branco e uma saia á cima dos joelhos.
- É bom ver você também, mamãe. – disse sorrindo, ela deu um sorriso de lado, conhecendo minha mãe, aquilo já era o bastante.
- Ta esperando o que para entrar no carro, não gosto dessa clinica e muito menos dessas pessoas nos olhando pela janela. – ela disse fazendo uma careta, peguei minhas malas e fui em direção ao porta-malas do carro, era apenas duas malas muito pequenas por sinal, coloquei-as lá e segui entrando no carro.
- Como está papai? – perguntei, olhando a cidade passar rapidamente.
- Como sempre – ela disse suspirando. – Sentando naquele sofá e assistindo a porcaria dos Yankess.
 Nossa família morava em Louisville, Kentucky. Porém papai era de New York, então era tradição torcer pelos Yankess.
- Não sei onde ele vai parar só assistindo essa porcaria – dei um sorriso, mamãe odiava beisebol, ou melhor, esportes.
- Pensei que ele estivesse trabalhando. – disse.
- E você acha que se levanta pra procurar emprego? – ela perguntou, lancei um olhar para ela, Beatrice não tinha me falado sobre papai ter perdido o emprego.
- Ele não trabalhava como encanador? – perguntei, ela lançou um olhar para mim.
- Não mais – ela disse, olhei para frente. – Estamos juntando um dinheiro pra fazer um restaurante, já falamos com o Nicholas.
 Silencio. Durante esses oito meses que eu passei no clínica , mamãe com certeza não me contava tudo o que acontecia em casa, ela apenas me contava o básico, aquilo era perturbador.
- O que pensa em fazer? – ela perguntou quebrando o silencio e mudando de assunto, típico da Beatrice.
- Refazer minha vida, voltar a dá aulas e... – respirei fundo sorrindo. – Voltar com a Miley.
- Voltar com a Miley? Acho que... – ela disse, lancei um olhar para ela, mamãe não era boa com segredos, com certeza o que ela tinha que falar ia ser agora.
- Acha que o que?
- Você não pode ver a Miley. – minha mãe falou.
- O que?! Como?! – disse alterada, minha mãe lançou-me um olhar, respirei fundo e me controlei. – Por quê?
- Você ainda pergunta por quê? – ela disse. Se for por conta daquilo... Será que é por conta daquilo? Não, não pode ser.
- Eu não fiz nada. – disse, ela balançou a cabeça negativamente. E assim encerrou o assunto, eu conhecia muito bem a mamãe para saber que ela não queria continuar aquela conversa e eu também não, então seguimos em silencio.
- Bem vinda! – ela disse animadamente, eu estranhei, parece que oito meses poderia mudar pessoas. – Agora pegue suas malas, estou cansada. – retiro o que disse. Fui até o porta-malas, peguei minhas coisas e fui em direção a entrada, antes de adentrar na casa eu a olhei.
 A casa dos meus pais com certeza era uma das mais bonitas e velhas da vizinhança, a casa era dos meus avôs, que eram dos seus pais e você sabe o resto. As paredes amareladas, com um tom rústico, o piso da entrada de madeira. Segui em direção a porta, rodei a maçaneta. Fechei os olhos em senti o cheiro, aquele que passava cheiro de família, cheiro de... Felicidade. 
 A porta dava para a pequena sala onde ficavam quadros e porta-retratos, a primeira foto que vi foi da família, todas alinhadas de uma só maneira como se ninguém pegasse á anos, isso era obra de papai.
- Querida! – ele gritou, o que me fez vira e ir a sua direção. Como sempre sentando no sofá, com o seu edredom dos Yankess sobre as pernas, os três controles – da TV, da TV a cabo e do DVD – aliados em uma só direção, ou seja, apontados para TV e o seu velho pano azul na mão.
- Papai! – disse sorrindo e largando as coisas no chão para abraçá-lo, com certeza ele nem ia perceber.
- Pensei que não iam chegar. – ele disse separando o abraço e olhando-me. – Você cresceu tanto.
- Só foi oito meses – disse sorrindo, ele e minha mãe se entreolharam.
- Lewis, deixe nossa filha subir e guardar as coisas dela no quarto. – mamãe disse passando para cozinha – Depois você desce e termina de adorar seu pai.
- Isso querida, vá guardar as coisas e desça para conversávamos. – ele disse olhando-me, inclinei-me e deu um beijo em sua testa. Peguei as coisas do chão e subi as escadas, o ouvi xingar alguma coisa, com certeza era sobre o jogo.
 Abri a porta e deparei-me com meu antigo quarto, as paredes com o tom de azul, uma cama bem arrumada, um guarda-roupa e uma velha escrivaninha do lado. Coloquei minhas coisas no chão e joguei-me na cama. Fechei os olhos e apreciei tudo aquilo. 
Era uma nova vida a partir de agora.  

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