"Look at what you've done, you're losing me, here's what you've won..." - Solo.
2014.
Uma semana tinha se passado desde que Demi havia sido internada naquele hospital. Ela estava bem melhor agora, quando digo melhor, quero dizer que ela pode receber visitas agora e não está mais com todos aqueles ferimentos que eu havia visto. Demi continua respirando com ajuda de aparelhos e continua em coma, mas como o próprio medico disse, agora é no tempo dela. Fico me perguntado se ela ainda quer voltar, eu não iria querer, voltar a ter uma vida como aquela, mas preciso que ela volte, por sua família, por seus amigos e... Por mim também. Havia voltado do hospital à algumas horas, apenas para almoçar e descansar um pouco, mesmo não querendo tive que voltar. Abri a porta do apartamento e me surpreendi em ver que havia alguém em casa, pelo o cheiro reconheci quem era, Dallas. Subi sem passar pela cozinha, tomei um banho bem demorado, tirando todo aquele cheiro de hospital, me vesti e logo desci. Dallas estava pondo a mesa e por incrível que pareça ela estava pondo para duas pessoas.
- Seus pais vem almoçar aqui? – perguntei indo até a geladeira e abrindo-a.
- Não – ela respondeu, olhei e vi que não havia nada para comer, virei-me fechando a porta e Dallas me encarava – Preparei um almoço, para nós duas.
- Nossa... – dei uma pausa realmente surpresa – Isso é uma...
- Surpresa, é eu sei – ela disse indo até o fogão.
- Porque está fazendo isso?
- Não sei, me deu vontade – ela disse dando de ombros – Antes de tudo isso acontecer, o acidente, você mudar, éramos amigas.
- Mas não somos mais – respondi, Dallas virou-se para mim e ficou um tempo olhando-me.
- Ainda me pergunto porque não somos mais – ela disse e foi até a mesa sentando-se, fiquei encarando-a por alguns minutos – Não vai se sentar?
Suspirei derrotada e sentei-me a mesa em sua frente, me servi assim como Dallas e logo começamos a comer, o clima até que estava equilibrado, Dallas não falava e eu a agradeci mentalmente.
- Porque? – ela perguntou de repente fazendo-me olha-la confusa – Porque paramos de ser amigas?
- Você sabe porque – disse e voltei a comer.
- Não sei – ela voltou a falar – Fui ao seu “casamento” com Demi, passava alguns finais de semana vocês e depois você ficou estranha, Demi ficou estranha, até que...
- Podemos comer em paz? – perguntei.
- O seu relacionamento era tão lindo e de repente...
- Crescemos? – perguntei irritada, ótimo, Dallas tirou meu apetite.
- É, acho que foi isso sim, você cresceu, começou a trabalhar com seu pai, desistiu de pintar, começou a ficar ausente da vida de Demi e até que finalmente...
- Perdi a fome – disse levantando-me rapidamente e dando as costas para Dallas.
- (SeuNome)! – a ouvi chamar, porém já subia as escadas em direção ao quarto, peguei a chaves do carro e meu casaco, antes mesmo de sair do quarto, Dallas estava parada na porta.
- Vou sair – disse séria, Dallas cruzou os braços e ficou olhando-me – Irei sair, Dallas, pode sair da frente?
- Olha o que aconteceu com você – ela disse em um tom de decepção. – Você...
- Eu tive que fazer isso – disse olhando-a – Mas você não entenderia, agora me dá licença, Dallas, por favor.
Dallas assentiu e saiu do quarto, respirei fundo e sai em seguida. Desci as escadas rapidamente, saindo dali o mais rápido possível, peguei o telefone e disquei seu número, antes mesmo de atender, fui logo falando.
- Você sabe onde me encontrar, não se atrase – e desliguei entrando no elevador.
***
Esperei a porta do banheiro se fechar, deslizei pela cama, procurando minhas roupas.
- Você já vai? – Lilian perguntou e virei-me vendo-a fechando a porta do banheiro.
- Tenho que ir ao hospital – disse vestindo a blusa, Lilian assentiu e andou até a cama.
- Amei a visita – ela falou sorrindo, dei um sorriso sem mostrar os dentes e peguei o casaco – Pensei que com Demi ausente, você...
- Precisava relaxar – disse cortando-a, Lilian suspirou e assentiu.
- Claro – sussurrou – Espero que esteja relaxada.
- Sim, estou – disse e a encarei – Obrigada.
- Não precisa agradecer, chefa – ela disse e inclinou-se abrindo a gaveta do pequeno móvel ao lado da cama, tirando de lá um cigarro. Assenti e andei até a porta e antes de sair, a ouvi me chamar.
- Mande um olá para Demetria – ela disse dando uma tragada em seguida, apenas abri a porta e fechei.
Demetria em um quarto de hospital e você transando com sua amante, bela esposa você se tornou (SeuNome). Dirigia pela as ruas de New York como se estivesse fugindo da polícia, não sabia o que estava acontecendo em minha cabeça. Eu havia procurado Lilian, enquanto Demi estava em coma, não sabia exatamente o que estava passando por minha cabeça. Queria sair dali, queria ver a única pessoa que ainda tinha esperança em mim. Passei a mão pela testa e percebi que estava suando, então o carro começou a esquentar. Foi então que percebi que já estava na rua em que morava, estacionei o carro em frente ao apartamento e peguei o telefone, discando seu número rapidamente.
- Alô? - ouvi uma voz no fundo assim que atendeu.
- Louis? Sou eu, (SeuNome) - comecei - Você está ocupado?
- Não, algum problema?
- Preciso que... Preciso que venha até aqui - disse - Preciso de você.
- Onde você está?
- Em frente ao seu apartamento, por favor Louis, preciso... - disse, mas não consegui terminar, o ar não conseguia sair e logo depois não consegui escutar mais nada.
Ouvi alguém bater no vidro do carro e percebi que estava com a testa encostada no volante e o celular estava no banco carona, olhei para o lado e vi Louis com uma expressão preocupada, destravei o carro e logo Louis entrou no mesmo.
- Você está pálida, o que aconteceu? Demi... - ele começou, porém apenas o abracei e deixei as lágrimas saírem. Louis passava as mãos em meus cabelos enquanto eu ensopava sua blusa de lágrimas, demorei um pouco até me recompor, quando finamente consegui separei o abraço e olhei para Louis.
- Está melhor agora? – ele perguntou e eu apenas neguei com a cabeça – Certo, o que houve?
- Você já foi a uma galeria de arte? – perguntei e o vi franzir o cenho confuso.
- Aqui não, mas... – ele começou, assenti e liguei o carro – Para onde estamos indo?
- Eu fui vê-la – disse encarando a estrada.
- Quem?
- Lilian, fui ver Lilian – disse e dei uma rápida olhada para ele que tinha as sobrancelhas arqueadas – Quando cheguei em casa Dallas estava fazendo um jantar para nós duas, estava tudo bem até ela começar a falar, então eu...
- O que ela falou?
- Eu sei que mudei – disse sentindo novamente o nó na garganta – Mas eu tive que fazer, foi um acordo e estou cumprindo até hoje.
- (SeuNome), você está...
- Você acha que eu queria ter feito isso?! Você acha que eu queria passar o dia todo dentro daquele escritório?! Eu não queria, Louis! – gritei sentindo as lágrimas desceram pela minha bochecha. – Mas eu tinha que cumprir a merda de um acordo e estou fazendo isso até hoje! Porque não posso mais voltar a traz e não aceitar o acordo.
- Calma (SeuNome) – senti a mão de Louis apertar meu ombro, dei uma rápida olhada para ele e reparei que Louis olhava para o velocímetro, fiz o mesmo e vi que estava correndo.
- Você acha certo descumprir um acordo? – disse um pouco mais calma.
- Depende, que acordo é esse que você tanto fala?
- É sobre... – parei de falar vendo a fachada da galeria em minha frente, de repente senti aquele frio na barriga, uma nostalgia de está ali novamente.
- Porque me trouxe até aqui? – Louis perguntou olhando para o prédio a nossa frente.
- Vem – disse saindo do carro, logo ouvi a porta do carro sendo fechada e Louis ficar ao meu lado.
- Não está fechada?
- Para mim, não – disse e abri a bolsa, pegando um molho de chaves. Chaves do escritório, de casa, do carro, de várias outras coisas incluindo da
galeria.
- Porque você tem uma chave?
- Porque aqui é meu lugar favorito no mundo – disse abrindo a porta, dei espaço para Louis fazer o mesmo, o lugar estava bastante escuro e silencioso, respirei fundo sentindo aquele cheiro. Conseguia sentir o cheiro da tinta sob a tela, a tinta já seca, mas sem perder seu cheiro. Peguei na mão de Louis puxando até o local das luzes.
- Aqui não tem segurança? – Louis perguntou um pouco receoso.
- Tem, mas eles já me conhecem – disse e acendi a luz. O corredor com poucas luzes o iluminando, olhei para Louis sorridente.
- Porque me trouxe aqui? – Louis perguntou com um sorriso de lado.
- Porque foi aqui que eu casei.