21 de nov. de 2015

19.

"All the demons cry, cause you and I, found love in a broken place..." - Kingdom Come. 
2010
 Três dias tinham se passado desde que falei com papai. Não tinha comentado nada com Demi, falei para ela que papai não tinha aparecido, claro, se eu contasse para Demi o que ele havia proposto, ela seria a primeira a dizer não. Sei que foi errado esconder de Demi isso, mas eu realmente estava pensando nessa proposta. Era só vender meus quadros na exposição e pagar meu pai depois, simples. Mas se eu não conseguisse? Se eu não conseguisse vender os quadros e depois tivesse que trabalhar com meu pai?
- Você está estranha - Demi falou fazendo eu voltar a realidade.
- O que?
- Não está prestando atenção no que eu estou dizendo - ela falou - O que está acontecendo, (SeuNome)?
- Eu só estou pensando... - parei de falar e a encarei - Casa comigo.
- De novo esse assunto, (SeuNome)?
- Quero saber sua resposta, Demi - disse.
- O que é isso agora? Porque essa necessidade de casar? Estamos tão bem assim, morando juntas, vivendo nossa vida, para que casar...
- Então isso é um não?
- Não! Quer dizer, sim! - Demi passou as mãos pelos cabelos - O que eu estou querendo dizer é que não precisamos disso, não precisamos casar, eu sou sua e você é minha, para sempre, não preciso de aliança ou um documento para saber disso...
 Interrompi-a com um beijo, um beijo intenso, como se minha vida dependesse daquilo.
- Eu amo você.
- Eu também amo você - ela sorriu e logo me abraçou - Eu sou sua, para sempre.
 Assenti e logo ela deitou-se, encostando sua cabeça em meu peito e passei meus braços por sua cintura abraçando-a.
 Talvez Demi não precisasse de uma aliança ou um documento para provar que o amor que sentíamos era algo para sempre, mas eu tinha essa necessidade, eu a amava e casamento me parecia algo necessário em todo nosso relacionamento. Demi dormia em meus braços, levantei cuidadosamente sem acorda-la e fui até a varanda, pegando meu telefone.
- Já era tempo - ele atendeu.
- Um vez você me disse que eu era confiante igual a mamãe - disse e mesmo não o vendo, ouvi prendendo a respiração assim que falei de minha mãe - Você sabe porque eu vou aceitar isso? Porque eu confio no que eu faço, confio na minha arte e no fim, é disso que eu preciso.
***
- Ela não vai vim - disse andando de um lado para o outro.
- Calma, (SeuNome) - Jess disse pegando em meus ombros. - Dallas ligou e disse que já estão a caminho.
- Isso foi a cinco minutos atrás! Ela deve ter desconfiado e descido do carro e...
- Meu Deus, porque toda pessoa que vai casar é assim?! - Selena falou bufando. - Para de ficar paranoica com isso, você tem que se acalmar, o que você acha que vai acontecer quando Demi entrar por aquela porta e ver você nervosa assim?
- Selena está certa, (SeuNome), calma, você...
- Elas estão aqui! - Charlie disse entrando no salão, Jess me deu um beijo na bochecha e sussurrou um 'boa sorte' indo com Charlie e se escondendo, Selena me lançou um sorriso e seguiu com os dois.
- Calma, calma, vai dá tudo certo, ela vai ficar um pouco assustada, é normal, já que você disse que não ia se casar com ela...
- (SeuNome)? - Demi tinha uma expressão confusa no rosto - O que... O que você faz aqui?
- Lembra quando você disse que não precisava de uma aliança ou um documento para saber que eu era sua e você era minha? Eu também não preciso, Demi. Mas quando você disse eu fiquei pensando, pensando... As únicas experiências que nós temos é dos nossos pais, bem, o casamento dos meus pais foi uma das coisas mais bonitas que eu já tive o prazer de ver, o jeito que ele olhava para ela todos os dias... Já você, sua experiência não foi das melhores... Mas agora, com Dianna e Eddie, sua mãe teve uma segunda chance e você com certeza ver o quanto eles são felizes... Enfim, eu não estou aqui para falar do casamento dos nossos pais, eu estou aqui para falar sobre o nosso casamento.
- (SeuNome)...
- Eu quero casar com você, Demi, aqui e agora.

9 de nov. de 2015

18.

"I see it written on your face, you know you made it, your greatest mistake." - Mistake
2014
- (SeuNome)? – Louis falou assim que paramos em frente ao prédio.
- Sim? – perguntei depois de um tempo.
- Você pode ficar comigo, sabe, enquanto tudo isso se acalma – Louis falou timidamente, o encarei por alguns minutos, na verdade, longos minutos – Claro, se você quiser, a casa não é tão grande quanto a sua, mas...
- Porque está fazendo isso? – perguntei, sei que podia parecer rude, mas eu estava com essa pergunta na cabeça a muito tempo.
- Fazer o que?
- Me ajudando, ficando do meu lado quando ninguém mais... – engoli o seco, Louis deu um sorriso e pegou em meu ombro apertando-o.
- Você é minha amiga, (SeuNome), minha única amiga de infância – ele disse sorrindo – Eu conheço você.
- Não – disse balançando a cabeça negativamente – Você conhece a garotinha que desenhava em qualquer lugar menos em um papel.
- Exatamente – ele disse – E eu estou olhando para ela agora, eu sei que ela ainda está aí.
- Depois de tudo que eu contei para você, você ainda não me odeia?
- Não e como disse, eu conheço você, (SeuNome).
 Balancei a cabeça negativamente e deixei escapar um sorriso infeliz.
- Você é uma ótima pessoa, Louis – disse séria – Você continua o mesmo, mas infelizmente eu não.
- É claro...
- Eu vendi minha alma, Louis – disse interrompendo – Será que você ainda não percebeu? Eu acabei com aquela garota pintora, com a garota que ela costumava amar, com todos ao redor dela, eu, Louis. Eu vendi minha alma no momento que eu aceita o acordo.
- Mais uma vez essa história de acordo, que acordo é esse que você tanto fala?
- Você realmente quer ouvir? – perguntei e Louis assentiu – Só não garanto que você vai ter estomago para aguentar.
- Não se preocupe – Louis falou.
- Primeiramente, vamos voltar para galeria.

16 de out. de 2015

17.

"Your selfish hands, always expect more..." - For the Love of a Daughter
2010
- Você não vai fazer isso - Demi disse depois de vários minutos em silêncio.
- Demi, você acha que eu estou feliz com isso?
- Ele vai querer algo em troca - Demi falou, dei um suspiro e passei as mãos nos cabelos.
- Eu sei, mas... É uma chance maravilhosa e se eu conseguir posso pagar a ele depois. - Demi assentiu e alcançou minha mão na mesa.
- Certo, certo - ela disse levantando-se da cadeira e sentando-se em meu colo, passando os braços por meu pescoço - Mesmo receosa com essa ideia, estarei do seu lado.
- Sempre? - perguntei e a vi sorrir.
- Sério que você está perguntando isso?
- Sério - falei assentindo, então algo veio em minha cabeça - Casa comigo.
- (SeuNome)! Isso não é hora para brincadeira - ela disse levantando-se do meu colo e indo até a geladeira.
- Mas quem disse que eu estou brincando? - disse levantando e abraçando-a por trás - Estou falando sério, casa comigo.
- De ideia maluca só basta uma - ela falou dando um rápido selinho em mim - Selena e Miley estão me esperando, se quiser desistir é só ligar.
- Não irei - disse, ela sorriu e saiu.
Tinha convidado meu pai para jantar em casa. Motivo? Eu estava precisando de dinheiro, é parece uma coisa bem filha da mãe para falar a verdade, mas era minha única saída. Iria fazer uma exposição dos meus quadros e por isso tinha que ter uma grana, como eu estava meio dura, a única pessoa que poderia pedir ajuda era meu pai, a primeira pessoa que era contra eu ser pintora.
 Demi odiou a ideia, e eu também, mas era isso ou ter que esperar outra grande oportunidade, que provavelmente não iria aparecer tão cedo. Enfim, liguei para ele e confesso que ouvi certa surpresa em sua voz quando o convidei, ele aceitou e viria esta noite.
...
- Hey, ele já chegou? -  Demi perguntou ao telefone.
- Não, liguei para ele e me disse que está preso em um engarrafamento.
- Isso é um sinal - Demi falou - Vamos ao cinema, você poderia nos encontrar.
- Demi, você sabe que eu não posso fazer isso.
- Certo - Demi falou com um suspiro - Selena está me chamando, boa sorte e tente não assassiná-lo.
- Vou tentar - disse, nos despedimos e logo desliguei.
 Achei melhor conversar às sós com meu pai, Demi insistiu para ficar, porém pedi a Selena chamá-la para sair.
Olhei no espelho, a casa estava organizada, eu tinha feito o jantar, papai chegaria e eu iria pedir o dinheiro, simples, bem, na teoria parece simples. Ouvi a campainha e suspirei, indo até a porta e abrindo-a. Fazia alguns anos desde que vi papai pela última vez, não tinha mudado muito, parecia mais velho e mais cansado.
- Entra - disse, ele assentiu e passou por mim.
- Belo apartamento - ele falou depois de minutos avaliando o local.
- Obrigada - disse.
- Onde está Demetria?
- Saiu com umas amigas.
Papai assentiu e sentou-se na poltrona ainda analisando o apartamento.
- Confesso que fiquei surpreso quando você me ligou.
- Você não foi o único - disse pegando algumas cervejas na geladeira e voltando para sala.
- Então... - ele pegou uma cerveja, bebendo em seguida - Quanto você quer?
- Porque você acha que eu te chamei por causa de dinheiro? - Demi tinha razão, era uma péssima ideia ter chamado ele, papai encarou-me por alguns minutos e suspirou.
- Você sabe que eu odeio joguinhos, fale logo quanto você quer - ele falou impaciente, o encarei por longos minutos. Eu queria dizer que não o chamei por causa de dinheiro, queria provar a ele que não precisava da merda do dinheiro dele, mas infelizmente eu não podia. Era uma grande chance e eu não poderia deixar passar.
- É verdade - disse encarando a cerveja em minhas mãos - Preciso do seu dinheiro.
- Isso é obvio, já que você não faz nada e não venha dizer que pintar é trabalho porque não é - por um momento pensei que iria quebrar a garrafa em minhas mãos - Eu lhe darei.
- Er... Obrigada - disse finalmente olhando-o. - Irei pagar assim que puder, não se preocupa.
- Tenho uma pergunta - ele disse e logo assenti motivando-o a continuar - Para que você quer esse dinheiro?
- Vou fazer uma exposição dos meus quadros - disse finalmente, papai me olhou com as sobrancelhas arqueadas.
- Você quer meu dinheiro para isso? Para uma exposição?
- A galeria é famosa, se tudo der certo, você terá seu dinheiro de volta antes mesmo de piscar.
- Você acha mesmo que isso vai 'dar certo', (SeuNome)? - ele falou - Você acha que viver de pintura vai te levar para frente? Você acha que vai conseguir sustentar você e Demetria com isso?
- Eu não pedi sua opinião, só quero a merda do dinheiro e depois eu pago.
- Não vou dar meu dinheiro para uma brincadeira como essa - ele falou balançando a cabeça, respirei fundo e levantei-me.
- Quer saber? Eu não preciso da merda do dinheiro! Eu não preciso de você! Pega esse seu dinheiro e... Sai da minha casa - disse apontando para a porta, papai ficou me encarando, aquele olhar avaliador, aquele olhar que eu tanto odiava, aquele olhar que ele dava quando eu tirava alguma nota baixa na escola ou quando fazia algo errado, o olhar de superioridade.
- Filha... - ele disse colocando a garrafa encima da mesinha de centro e levantando-se também.
- Você sabe que estou falando a verdade, não sabe? Pintar é legal, como vocês crianças de hoje chamam? - ele falou coçando o queixo - Está na moda, isso, está na moda. Mas isso é um hobby, filha, isso se faz quando você está estressado ou apenas para se divertir, isso não vai te levar para lugar nenhum...
- Cala a boca! -disse interrompendo - Eu não deveria ter ligado para você, Demi estava certa, eu não deveria...
- Você ama Demi? - ele falou de repente, o encarei por alguns minutos - (SeuNome), você ama Demi, certo? Você quer ter uma família com ela, não quer? Eu sei que quer, mas para construir uma família, principalmente na situação de vocês, vocês precisam de estabilidade, você acha que pintar quadros é uma profissão de estabilidade? Você acha que todo dia vai ter alguém disposto a comprar pelo menos um quadro? (SeuNome), você é minha filha, eu me importo com você, eu quero o melhor para você. Por isso, eu aceito dá o dinheiro para você.
- O que?! - quase deixei a garrafa cair de minha mão, papai respirou fundo voltando a falar.
- Eu irei dá o dinheiro para essa sua brincadeira - falou - Que tal eu e você fazer um acordo?
- Acordo? Do que o senhor está falando? - agora ele tinha chamado minha atenção, papai deu alguns passos ficando um pouco mais perto de mim.
- Eu vou dá o dinheiro para você fazer essa tal exposição, se 'der certo' como você mesma disse, você me paga e pronto, ficamos bem - ele disse.
- E se não der certo?

- Você vem trabalhar comigo, irei abrir uma filial aqui em New York e você fica no lugar que deveria está á muito tempo - ele disse, abri a boca para falar, porém ele continuou - Como disse, não precisa me responder agora, te dou uma semana, é pegar ou largar. 

20 de set. de 2015

16.

"I can't believe I fell for this" - Solo.
2014.
- Então vocês nunca foram amigas - Louis falou depois de alguns minutos em silencio.
- Não - disse olhando-o - Teve um tempo onde eu pensei que éramos amigas, mas depois... Acho que ela nunca superou o fato de Demi ter me escolhido.
- Mas ela chegou a falar para Demi? Sabe, sobre esse amor dela.
- Sim, quer dizer, houve um tempo depois do casamento, que Demi estava triste, ela nunca me disse o porque, mas depois eu meio que juntei as peças e com ajuda de Selena, descobri que Miley tinha falado com ela.
- Nossa - Louis disse, olhei para o lado e vi que Selena nos observava. - E ela? Selena, vocês duas...
- É bem complicado - disse suspirando, Louis franziu o cenho - Selena e eu éramos muito próximas, ela era artista, então a gente se dava bem, mas...
- O que? - Louis perguntou interessado.
- Eu me aproveitei disso... - disse e encarei o chão.
- Vocês duas...
- Eu tentei... Beija-la, mas ela me deu um tapa, não contou nada a Demi - disse finalmente encarando Louis - Então ela se distanciou e como Miley não é nada boba, acabou sabendo.
- Demi nunca soube?
- De Selena acho que nunca, mas as outras... No começo eu fazia questão de esconder, mas com o tempo... - minha voz foi interrompida por uma risada amarga - Deus, eu fui uma vadia com Demi.
- (SeuNome)... - Louis começou, mas logo o interrompi.
- É verdade, Louis, você sabe disso - disse encarando-o - Preciso ir ao banheiro.
 E logo levantei do sofá e fui em direção ao banheiro. Não deu tempo, na metade do caminho, as lágrimas já caíam então as deixei. 
 Não sei quanto tempo demorei no banheiro encarando as lágrimas que caíam na pia, só fui perceber que havia passado muito tempo ali quando escutei a porta do banheiro abrir. Rapidamente liguei a torneira molhando as mãos e passando no rosto.
- Hey - olhei pelo reflexo do espelho e vi Selena me encarando.
- Oi - disse e minha voz saiu rouca.
- O homem na sala de espera parece preocupado por você - Selena disse e parecia incomodada.
- Eu já estou indo - disse dando um suspiro, olhei meu reflexo no espelho. Selena assentiu e virei-me indo em direção a porta, antes de chegar a maçaneta, senti alguém pegando em meu braço levemente, fazendo-me encara-la.
- Mesmo com todas as coisas que aconteceram, você ainda é minha amiga e sei que está sentindo a mesma dor que todos estamos sentindo - Selena falou e, com certeza aquilo foi a coisa mais sincera que alguém tinha me falando desde que tudo começou.
- Obrigada - murmurrei sentindo o nó na garganta novamente, Selena assentiu rapidamente e soltou meu braço. Respirei fundo e segui para porta, escutando os passos de Selena atrás de mim.
- Selena? - ouvimos assim que saímos do banheiro, Miley estava parada em nossa frente e parecia furiosa. 
- Sim? - Selena falou, Miley cruzou os braços e encarou Selena.
- O que... - Miley começou, mas foi interrompida por Selena.
- É minha vez de trazer Maddie para visitar Demi, tenho que ir - e lançando um olhar sincero para mim, passou por Miley, nos deixando sozinhas.
- O que você estava fazendo com Selena? - ela perguntou dando passos furiosos em minha direção.
- O que você acha? Transamos no banheiro - disse e vi o rosto de Miley banheiro, e antes que sua mão pudesse atingir meu rosto novamente, a segurei com força.
- Me solta - Miley falou entre os dentes.
- Nunca mais toque um dedo em mim, deixei você fazer isso uma vez, mas se acontecer de novo... - respirei fundo e soltei sua mão - Até mais.
 E segui até a sala de espera, onde Louis estava em pé e ruia as unhas.
- Você demorou, pensei que... - ele parou olhando atrás de mim, segui seu olhar e vi que Miley me encarava com mais ódio no olhar - O que aconteceu?
- Podemos sair daqui? - disse, Louis me encarou por alguns minutos e assentiu derrotado. 
- Vamos.

24 de ago. de 2015

15.

"I used to sing to your twisted symphony, the words that had me trapped inside your misery" - Everything You're Not.
2009
- Demi ela me odeia! - disse enquanto ela sentava-se ao meu lado.
- Não odeia - Demi disse sorrindo - Ela só...
- Só não gosta de mim - disse - Você sabe que é verdade, Demi.
- Miley não conhece você, sabe, pessoalmente - Demi explicou - Ela só "conhece" você meio que por mim.
- Então a culpa é sua por ela me odiar, ninguém mandou você falar coisas horríveis sobre mim.
- Sem drama - ela disse passando os braços por minha cintura. - Esse jantar vai ser uma ótima maneira de vocês duas se conhecerem.
- Não gosto dessa ideia - disse - Prefiro só eu e você aqui, é tudo que eu preciso.
- Não pense que você vai me comprar com isso. - disse e logo se levantou.
- Qual é, Demi! - gritei para ela - Se eu aparecer morta, você já sabe quem foi!
 Miley iria jantar com Demi e eu. Miley, melhor amiga de Demi em Albuquerque. As duas se conheceram na faculdade desde então não se desgrudaram, claro que a amizade delas não se compara com a minha amizade com Demi. Miley era engraçada, divertida, mas quando eu estava por perto, ela se transformava em outra pessoa. Ela me odiava e sabe de quem era a culpa por isso? Demetria Lovato. O simples fato de enquanto Demi foi para NY me visitar e aconteceu tudo aquilo de ciúmes com a Maya, quando Demi voltou para Albuquerque, em qual ombro ela foi chorar? Isso, Miley. Mas não simplesmente só chorou, como também falou coisas horríveis de mim e por isso Miley me odeia tanto. Eu só fui saber disso no dia seguinte do ano novo, além de Dallas, Demi tinha chamado Miley - ela tinha alguns parentes aqui - e se o olhar dela matasse, bem, eu estaria morta, completamente morta. Demi ainda insiste em dizer que isso é coisa da minha cabeça, mas eu sei que não, sei que se pudesse, Miley me queimaria viva.
- Ah ia esquecendo - Demi disse aparecendo na porta da cozinha - Selena também vem.
- Ótimo, mais uma para me odiar! - disse, Demi sorriu e balançou a cabeça. 
 Pelo o pouco que eu sabia, Selena era amiga de Miley, que também morava em New York, Demi nos apresentou apenas uma vez, mas pelo menos, ela não pareceu ter aquele ódio que Miley sentia por mim. 
***
- (SeuNome), a porta! - Demi gritou da cozinha, revirei os olhos e fui até ela.
- Demi, ainda temos tempo, vamos deixa-las tocar a campainha até cansarem, então quando forem embora você liga e diz que alguém da minha família morreu ou algo assim - disse.
- Não (SeuNome), primeiro que eu não sou mal educada ao ponto de deixar minhas amigas tocarem a campainha até irem embora e segundo, - ela fez uma pausa, colocando as mãos na cintura - Dizer que alguém da sua família morreu, não é algo que se brinque.
- Certo, você tem razão, desculpa - disse indo até ela e abraçando-a pela cintura - Mas Demi...
- Nem vem - ela disse me empurrando levemente para o lado - Vá atender a porta e pronto.
 Apenas suspirei derrotada e fui até a porta. Iria fazer isso por Demi, sabia que Miley era alguém muito importante para ela, por isso que tentaria ser amiga de Miley, bem, eu tentaria, tudo dependia de Miley.
***
- São lindos - Selena falou. Estávamos no meu atelie, Selena queria ver meus quadros e não pude dizer não.
- Realmente... - Miley falou, lancei um olhar para Demi que sorriu de lado - Mas acho que você não se arrisca muito, quer dizer, sei que sua "musa inspiradora" é Demi, mas você deveria, sei lá, se arriscar.
- Hum... Obrigada, eu acho - disse, ela deu um sorrisinho falso, revirei os olhos e lancei um olhar para Demi.
- Selena preciso de sua ajuda lá em cima - Demi falou olhando para Selena, a lancei um olhar, estava armando alguma. Selena apenas assentiu e as duas saíram, deixando-me sozinha com Miley.
- Então... - comecei - Você ainda estuda medicina?
- Não - ela falou rapidamente.
- E o que você faz agora? Demi me falou... - comecei novamente, mas logo ela me interrompeu.
- Olha, posso fingir que gosto de você quando estamos no mesmo lugar que Demi, mas não precisamos fingir agora que gostamos uma da outra.
- Eu não tenho nada contra você, Miley - disse em minha defesa - Você que parece querer me matar cada vez que me olha.
- Isso é verdade - ela disse finalmente olhando-me nos olhos - Não gosto de você e nunca irei.
- Nossa!... Isso foi bem... - realmente ela é bem sincera.
- Odeio mentiras, gosto de ser sincera até com as pessoas que eu não gosto.
- Certo, você não gosta de mim, mas porque? Eu fiz alguma coisa contra você? 
- Na verdade, você só magoou minha melhor amiga.
- Ah claro - disse revirando os olhos - Magoei sua melhor amiga, que pena.
- Eu sei o que você fez - ela disse séria - Sei que você a magoou, ficou com uma garota na frente dela, a deixou em Albuquerque...
- Cala sua boca - disse tentando não gritar com ela - Você pode ser amiga de Demi, mas não tem o direito de se meter na minha historia com ela, que caso você já saiba, tinha começando antes mesmo dela conhecer você.
- É verdade, minha amizade com Demi pode não ser tão antiga quanto a sua com ela, mas eu estava lá quando ela mais precisou.
- Precisou de que? Um ombro amigo para um coração partido? Sinto muito Miley, mas não foi a primeira vez que Demi foi magoada por alguém. 
- Você é estupida ou alguma coisa assim? Estou me referindo ao divorcio dos pais dela.
 Espera. Dianna e Patrick haviam se divorciado, isso eu sabia, mas foi recente, certo? Esse foi um dos motivos do qual ela veio morar comigo.
- Do que... Do que você está falando? Os pais da Demi, se separam alguns meses atrás, eu fui visita-los com ela... 
- A primeira vez que Demi veio para cá visitar você, ela não veio só simplesmente para te ver, ela veio porque estava cansada de ficar na mesma casa que Dianna e Patrick passavam horas brigando - Miley falava - Demi foi morar no dormitório da faculdade por que já não mais aguentava as brigas.
- Mas... Ela nunca me disse nada... Eu cheguei a ir na casa...
- Você acha que ela foi embora daqui sem falar nada porque? Você acha que ela não atendia suas ligações ou respondia seus e-mails, porque ela estava magoada por você ter sido uma vadia com ela? Não (SeuNome), o mundo de Demi não girava em torno de você.

28 de jul. de 2015

14.

"We got it all, destined to fall, our love was tragical..." - On the Line
2014
- Tecnicamente, eu e Demi nos casamos duas vezes - falei depois de um logo tempo em silêncio. - O primeiro foi aqui mesmo, apenas eu, ela, Dallas e nossos amigos, Jess e Charlie. Nunca pensei que sentiria aquilo, vê-la dizer sim, foi... Foi a melhor sensação de todas. 
- E a segunda vez? - Louis perguntou e o olhei, lembrando que não estava sozinha ali.
- Foi em um cartório - disse baixando a cabeça - Foi dois anos depois do "primeiro", eu estava começando a trabalhar com meu pai e ele disse que tínhamos que fazer as coisas direito, então ele me levou com Demi até o cartório e nos fez assinar os papeis. Se eu soubesse que depois daquelas assinaturas tudo iria desmoronar...
- A culpa não é sua - Louis disse e senti sua mão em minhas costas, o encarei e dei um sorriso amargo.
- Eu queria que isso fosse verdade - disse suspirando e voltando a encarar aquele espaço silencioso.
- (SeuNome)... 
- Louis, sabe o que me faz odiar tanto isso? O trabalho com meu pai, minha vida com Demetria depois desse "casamento formal"? Porque eu sei que a culpa da minha vida ter se tornando um inferno foi por minha causa, eu sou a única culpada nisso, por isso que eu odeio tanto, por isso que eu me odeio tanto.
 Louis passou um braço em volta de minha cintura e encostei a cabeça em seu ombro.
- Sabe quando você foi até minha casa e contou tudo sobre sua vida com Demi? Você sabe o que eu perguntei a você depois?
- Se eu queria que meu relacionamento com Demi voltasse a ser como era antes... 
- Perguntei se você ainda quer isso - Louis fez uma pausa - Você quer saber o que eu acho?
- Por favor - supliquei, Louis respirou fundo.
- Você e Demi já se amaram bastante, pelo o pouco que eu sei da historia de vocês, mas agora... - Louis me encarou - Eu ainda acho que vocês se amam, se você não a amasse porque estaria assim? Completamente destruída? É, talvez seja pela culpa de ter feito tudo que vez com ela e porque você se sente culpada pelo acidente, mas além disso, você está assim porque você ainda a ama, ama mais do que a sua própria vida, e agora mais do que nunca, não quer perde-lá. E a pergunta que você deve se fazer agora não é se quer que seu relacionamento volte a ser como era antes, e sim se você está pronta para uma segunda chance com Demi, se está pronta para dedicar todo seu tempo para ela.
...
 Miley conversava no telefone e Dallas estava cochilando sentada no sofá, quando eu e Louis chegamos no hospital. Rapidamente Miley me olhou e logo depois olhou para Louis com cara de poucos amigos, porém logo ignorei. Faleu com a enfermeira e em alguns minutos estávamos seguindo-a até a sala de Demi. Senti aquele frio na barriga. Sempre sinto quando venho visitar Demi nessa sala, e antes mesmo de abrir a porta, já escuto os sons dos aparelhos fazendo meu coração saltar do peito. A enfermeira abriu a porta e Louis foi o primeiro a entrar. Demi parecia um pouco melhor agora, havia poucas cicatrizes em seu rosto e não havia tantos aparelhos ligados a ela agora.
- Ela é linda - Louis falou e eu sorri sem jeito. Ele tinha razão. Mesmo com poucas chances de sobreviver, Demi ainda estava linda.
- Eu quero que ela fique bem, Louis - disse e o encarei - Farei de tudo para que Demi sobreviva e depois...
- O que?
- Depois, irei fazer algo que deveria ter feito a muito tempo - disse voltando a olhar, me aproximei de seu rosto, ela parecia está dormindo, sua expressão era calma, igual a alguns anos atrás. - Irei deixa-la livre.
...
 Quando saímos do quarto, não só Miley e Dallas estavam na sala de espera, como os pais de Demi também. Pareceram surpresos quando viram Louis ao meu lado.
- Esses são os familiares dela? - Louis sussurrou enquanto sentávamos em um sofá.
- Sim, Dianna e Eddie - disse encarando-os - E as outras são Dallas, sua irmã mais velha e a outra é... Miley.
- E ela é o que da Demi? - Louis perguntou.
- Boa pergunta - disse e percebi que ela me encarava - Miley era... É melhor amiga da Demi.
- Vocês não parecem se darem bem.
- Ela me odeia - disse olhando-a.
- Porque? 
- Porque? Porque ela ama Demi - disse e virei-me para Louis que parecia confuso - Todos aqui nessa sala amam Demi, mas Miley... Miley ama a Demi.

3 de jul. de 2015

13.

"And how can you be too blind to see the girl who stands before you who wants you more than anything" - Shut Up and Love Me. 
2008/2009
 Ano novo. Quem não gosta de ano novo, um dia para está com a família, amigos, pessoas com quem você se importa, dia para você abusar do champanhe, fazer promessas que sabe que não irá cumprir. Eu havia saído de Albuquerque sem olhar para trás, eu tinha ido até lá para falar dos meus sentimentos para Demi e disse, claro que não ouvi a resposta que queria, mas havia feito o que tinha dito, então estava valendo. Eu e Demi não nos falamos desde que sai de Albuquerque, mandei uma mensagem para ela de feliz natal, mas foi para todos meus contatos e acho que ela ficou com raiva, porque não mandou uma resposta. Tentava não pensar nela, mas era impossível, pensei que quando finalmente falasse o que sentia, iria conseguir seguir em frente.
 Jess e Charlie iriam fazer uma festa de ano novo no apartamento, eles iriam se mudar e uma festa de ano novo seria perfeito. Não estava muito animada aquele ano, talvez pela briga com Demi, não estarmos nos falado e Jess sabia disso, ela havia convidado todas suas amigas para ver se eu me interessava por alguma e esquecesse Demi, mas ela sabia que isso não daria certo.
- Se você ficar com essa cara durante a festa, eu vou convidar a Maya – Jess disse enquanto enfeitávamos o apartamento com decorações de ano novo. 
- Não vou, prometo – disse olhando-a.
- Você sempre diz isso quando vamos sair e não dá uma hora de festa, você está sentada em algum lugar da festa, bebendo e pensando nela – Jess disse um pouco irritada – Sabe que eu acho, Demi é uma vadia.
- Jess – disse lançando um olhar nada agradável para ela.
- É verdade! Ela vem até aqui, sente ciúmes da Maya – ela disse irritada – Eu vi o jeito que ela olhou para você e Maya, nem tente negar, aí você vai até ela para se declarar e ela... Desculpa, mas eu a odeio.
- Só vamos esquecê-la, okay? – disse, Jess suspirou e assentiu. 
- Como se você fosse fazer isso - escutei Jess sussurrar.
***
 A festa tinha começado a algumas horas e lá estava eu, sentada no sofá vendo várias pessoas se agarrando, bebendo, rindo, conversando. Estava tão concentrada olhando para meu copo quase vazio que não vi alguém sentando-se ao meu lado.
- Você sabe que não é nenhuma super-heroína que vai fazer o copo encher de cerveja, não é? - olhei para Jess e dei um sorriso sem mostrar os dentes - Pensei que tivesse falado para mim que tentaria se divertir.
- Sinto muito - disse, Jess suspirou e levantou-se pegando em minha mão. - Para onde vamos?
- Eu a odeio, você sabe disso, odeio quem faz meus amigos sofrerem, principalmente minha melhor amiga - Jess dizia por cima do ombro enquanto passamos por vários corpos dançantes - Mas o que adianta eu odiá-la, se você a ama? Então...
- O que...? - estávamos subindo a escada e eu já sabia para onde ela estava me levando, terraço. - Você a chamou, não foi?
- O que eu poderia fazer? - Jess virou-se para mim e sorriu - Feliz Ano novo.
- Feliz ano novo - disse dando um beijo em sua bochecha, Jess sorriu e virou-se descendo as escadas. Respirei fundo e continuei subindo as escadas, até finalmente ficar encarando aquela porta de aço por alguns minutos.
- Vamos lá... - sussurrei para mim mesma e abri a porta.
 Tive que cruzar os braços por conta do frio que fazia, havia deixado meu casaco no apartamento.
- Você está aqui a muito tempo? - perguntei fazendo-a virar-se e me encarar. Demi não estava tão diferente desde aquela vez em Albuquerque, seus cabelos estavam mais curtos, porém castanhos como sempre.
- Não muito - ela sorriu e ficamos nos encarando - Porque você foi embora daquele jeito?
- Porque eu fui embora? Bem, não tinha nada para fazer em Albuquerque, quer dizer, eu tinha algo para fazer lá e fiz, só que a resposta não foi das melhores.
- Você simplesmente saiu, nem deixou eu falar - Demi tinha as sobrancelhas arqueadas e pude sentir certa raiva em seu tom de voz.
- Eu não deixei você falar? Demi, eu...
- Não, você não deixou - ela disse firme - Você simplesmente virou as costas e saiu, foi embora, me deixou sozinha.
- O que você queria? Eu não poderia simplesmente sentar no chão e esperar você finalmente falar alguma coisa.
- Você deveria ter esperado eu assimilar tudo aquilo - ela disse agora dando passos em minha direção - Não é todo dia que você ouve que sua melhor amiga está apaixonada por você. 
- Certo, não deveria ter saído daquele jeito, eu sinto muito - disse olhando-a - Mas espera, eu não disse que estava apaixonada por você.
- Não exatamente, você disse que não parava de pensar em mim, o que pelo meu pequeno conhecimento sobre esse assunto, é algo relacionado a 'estou apaixonada por você'.
- Sim, digamos que você esteja certa, que o fato de eu não parar de pensar em você, sobre o nosso beijo, digamos que eu esteja apaixonada por você, o que você diria?
- Você vai deixar eu responder ou vai sair correndo igual a última vez? - apenas alguns centímetros me afastava de Demi, ela mordia o lábio, mas conseguia ver um sorriso dali.
- Você vai responder logo ou vai querer esperar mais outra eternidade para responder? - rebati e ela sorriu.
- Bem, eu diria que estou apaixonada antes mesmo daquele beijo acontecer, eu estou apaixonada desde o dia que conheci uma garotinha que desenhava no chão e que implicou comigo porque eu fazia perguntas demais.
- Mas...
- Ah cala a boca - e logo senti aqueles lábios que nos últimos dias daria tudo para senti-los novamente nos meus.
- Espera - disse segurando nos ombros de Demi e afastando-a levemente - Certo, você está apaixonada por mim, e não é a pouco tempo, entendi, mas agora...
- Meu Deus, (SeuNome), a garota acabou de fazer uma declaração perfeita e você quer colocar mais obstáculos? - ouvi atrás de mim e lá estava Jess, com Charlie e Dallas ao seu lado.
- Vocês estavam aí o tempo todo - disse balançando a cabeça negativamente.
- Na verdade, vim chamar vocês já que faltam alguns minutos para meia noite, mas vocês conhecem essas duas, então vieram comigo - Charlie disse ganhando um tapa no braço de Jess - Que foi? É verdade!
- Acredito em você, Charlie - disse sorrindo, logo ele virou-se seguido por Jess, Dallas sorriu e piscou para mim, seguindo Jess.
- Vamos - Demi disse pegando em minha mão, porém a puxei juntando nossos corpos novamente.
- Não, quero que esse momento seja apenas entre nós duas - disse e a vi sorrir.
- E respondendo sua pergunta - Demi fez uma pausa - Minhas malas estão no carro de Jess por um motivo, apenas.
- Ótimo - disse e a beijei, logo escutamos a contagem - Feliz ano novo, Demi.
- Feliz ano novo, (SeuNome).

18 de jun. de 2015

12.

"Look at what you've done, you're losing me, here's what you've won..." - Solo. 
2014.
 Uma semana tinha se passado desde que Demi havia sido internada naquele hospital. Ela estava bem melhor agora, quando digo melhor, quero dizer que ela pode receber visitas agora e não está mais com todos aqueles ferimentos que eu havia visto. Demi continua respirando com ajuda de aparelhos e continua em coma, mas como o próprio medico disse, agora é no tempo dela. Fico me perguntado se ela ainda quer voltar, eu não iria querer, voltar a ter uma vida como aquela, mas preciso que ela volte, por sua família, por seus amigos e... Por mim também. 
 Havia voltado do hospital à algumas horas, apenas para almoçar e descansar um pouco, mesmo não querendo tive que voltar. Abri a porta do apartamento e me surpreendi em ver que havia alguém em casa, pelo o cheiro reconheci quem era, Dallas. Subi sem passar pela cozinha, tomei um banho bem demorado, tirando todo aquele cheiro de hospital, me vesti e logo desci. Dallas estava pondo a mesa e por incrível que pareça ela estava pondo para duas pessoas.
- Seus pais vem almoçar aqui? – perguntei indo até a geladeira e abrindo-a.
- Não – ela respondeu, olhei e vi que não havia nada para comer, virei-me fechando a porta e Dallas me encarava – Preparei um almoço, para nós duas.
- Nossa... – dei uma pausa realmente surpresa – Isso é uma...
- Surpresa, é eu sei – ela disse indo até o fogão.
- Porque está fazendo isso? 
- Não sei, me deu vontade – ela disse dando de ombros – Antes de tudo isso acontecer, o acidente, você mudar, éramos amigas. 
- Mas não somos mais – respondi, Dallas virou-se para mim e ficou um tempo olhando-me.
- Ainda me pergunto porque não somos mais – ela disse e foi até a mesa sentando-se, fiquei encarando-a por alguns minutos – Não vai se sentar? 
 Suspirei derrotada e sentei-me a mesa em sua frente, me servi assim como Dallas e logo começamos a comer, o clima até que estava equilibrado, Dallas não falava e eu a agradeci mentalmente.
- Porque? – ela perguntou de repente fazendo-me olha-la confusa – Porque paramos de ser amigas?
- Você sabe porque – disse e voltei a comer. 
- Não sei – ela voltou a falar – Fui ao seu “casamento” com Demi, passava alguns finais de semana vocês e depois você ficou estranha, Demi ficou estranha, até que...
- Podemos comer em paz? – perguntei.
- O seu relacionamento era tão lindo e de repente... 
- Crescemos? – perguntei irritada, ótimo, Dallas tirou meu apetite.
- É, acho que foi isso sim, você cresceu, começou a trabalhar com seu pai, desistiu de pintar, começou a ficar ausente da vida de Demi e até que finalmente...
- Perdi a fome – disse levantando-me rapidamente e dando as costas para Dallas.
- (SeuNome)! – a ouvi chamar, porém já subia as escadas em direção ao quarto, peguei a chaves do carro e meu casaco, antes mesmo de sair do quarto, Dallas estava parada na porta. 
- Vou sair – disse séria, Dallas cruzou os braços e ficou olhando-me – Irei sair, Dallas, pode sair da frente?
- Olha o que aconteceu com você – ela disse em um tom de decepção. – Você...
- Eu tive que fazer isso – disse olhando-a – Mas você não entenderia, agora me dá licença, Dallas, por favor.
 Dallas assentiu e saiu do quarto, respirei fundo e sai em seguida. Desci as escadas rapidamente, saindo dali o mais rápido possível, peguei o telefone e disquei seu número, antes mesmo de atender, fui logo falando.
- Você sabe onde me encontrar, não se atrase – e desliguei entrando no elevador. 
***

  Esperei a porta do banheiro se fechar, deslizei pela cama, procurando minhas roupas. 
- Você já vai? – Lilian perguntou e virei-me vendo-a fechando a porta do banheiro.
- Tenho que ir ao hospital – disse vestindo a blusa, Lilian assentiu e andou até a cama.
- Amei a visita – ela falou sorrindo, dei um sorriso sem mostrar os dentes e peguei o casaco – Pensei que com Demi ausente, você...
- Precisava relaxar – disse cortando-a, Lilian suspirou e assentiu.
- Claro – sussurrou – Espero que esteja relaxada.
- Sim, estou – disse e a encarei – Obrigada.
- Não precisa agradecer, chefa – ela disse e inclinou-se abrindo a gaveta do pequeno móvel ao lado da cama, tirando de lá um cigarro. Assenti e andei até a porta e antes de sair, a ouvi me chamar.
- Mande um olá para Demetria – ela disse dando uma tragada em seguida, apenas abri a porta e fechei.
  Demetria em um quarto de hospital e você transando com sua amante, bela esposa você se tornou (SeuNome). Dirigia pela as ruas de New York como se estivesse fugindo da polícia, não sabia o que estava acontecendo em minha cabeça. Eu havia procurado Lilian, enquanto Demi estava em coma, não sabia exatamente o que estava passando por minha cabeça. Queria sair dali, queria ver a única pessoa que ainda tinha esperança em mim. Passei a mão pela testa e percebi que estava suando, então o carro começou a esquentar. Foi então que percebi que já estava na rua em que morava, estacionei o carro em frente ao apartamento e peguei o telefone, discando seu número rapidamente.
- Alô? - ouvi uma voz no fundo assim que atendeu.
- Louis? Sou eu, (SeuNome) - comecei - Você está ocupado?
- Não, algum problema?
- Preciso que... Preciso que venha até aqui - disse - Preciso de você.
- Onde você está?
- Em frente ao seu apartamento, por favor Louis, preciso... - disse, mas não consegui terminar, o ar não conseguia sair e logo depois não consegui escutar mais nada. 
 Ouvi alguém bater no vidro do carro e percebi que estava com a testa encostada no volante e o celular estava no banco carona,  olhei para o lado e vi Louis com uma expressão preocupada, destravei o carro e logo Louis entrou no mesmo.
- Você está pálida, o que aconteceu? Demi... - ele começou, porém apenas o abracei e deixei as lágrimas saírem. Louis passava as mãos em meus cabelos enquanto eu ensopava sua blusa de lágrimas, demorei um pouco até me recompor, quando finamente consegui separei o abraço e olhei para Louis.
- Está melhor agora? – ele perguntou e eu apenas neguei com a cabeça – Certo, o que houve?
- Você já foi a uma galeria de arte? – perguntei e o vi franzir o cenho confuso.
- Aqui não, mas... – ele começou, assenti e liguei o carro – Para onde estamos indo?
- Eu fui vê-la – disse encarando a estrada.
- Quem?
- Lilian, fui ver Lilian – disse e dei uma rápida olhada para ele que tinha as sobrancelhas arqueadas – Quando cheguei em casa Dallas estava fazendo um jantar para nós duas, estava tudo bem até ela começar a falar, então eu...
- O que ela falou?
- Eu sei que mudei – disse sentindo novamente o nó na garganta – Mas eu tive que fazer, foi um acordo e estou cumprindo até hoje.
- (SeuNome), você está...
- Você acha que eu queria ter feito isso?! Você acha que eu queria passar o dia todo dentro daquele escritório?! Eu não queria, Louis! – gritei sentindo as lágrimas desceram pela minha bochecha. – Mas eu tinha que cumprir a merda de um acordo e estou fazendo isso até hoje! Porque não posso mais voltar a traz e não aceitar o acordo.
- Calma (SeuNome) – senti a mão de Louis apertar meu ombro, dei uma rápida olhada para ele e reparei que Louis olhava para o velocímetro, fiz o mesmo e vi que estava correndo.
- Você acha certo descumprir um acordo? – disse um pouco mais calma.
- Depende, que acordo é esse que você tanto fala?
- É sobre... – parei de falar vendo a fachada da galeria em minha frente, de repente senti aquele frio na barriga, uma nostalgia de está ali novamente. 
- Porque me trouxe até aqui? – Louis perguntou olhando para o prédio a nossa frente.
- Vem – disse saindo do carro, logo ouvi a porta do carro sendo fechada e Louis ficar ao meu lado.
- Não está fechada?
- Para mim, não – disse e abri a bolsa, pegando um molho de chaves. Chaves do escritório, de casa, do carro, de várias outras coisas incluindo da
galeria.
- Porque você tem uma chave?
- Porque aqui é meu lugar favorito no mundo – disse abrindo a porta, dei espaço para Louis fazer o mesmo, o lugar estava bastante escuro e silencioso, respirei fundo sentindo aquele cheiro. Conseguia sentir o cheiro da tinta sob a tela, a tinta já seca, mas sem perder seu cheiro. Peguei na mão de Louis puxando até o local das luzes.
- Aqui não tem segurança? – Louis perguntou um pouco receoso. 
- Tem, mas eles já me conhecem – disse e acendi a luz. O corredor com poucas luzes o iluminando, olhei para Louis sorridente.
- Porque me trouxe aqui? – Louis perguntou com um sorriso de lado.
- Porque foi aqui que eu casei.

12 de jun. de 2015

11.

"Strong enough to leave you but weak enough to need you..." - In Case.
2008.
 Meus avôs iriam chegar à tarde, então tive a manha toda para me preparar psicologicamente. Não que eu não gostasse deles, eu amava meus avôs, mas vê-los seria como voltar o dia do enterro da mamãe. E com certeza sabia que teria uma hora que eles começariam falar dela, e assim como eles, eu choraria. Não na frente de todos eles, mas no quarto, sairia sorrateiramente com a desculpa que iria até o banheiro, porém isso não era o pior. O pior era que eu não tinha mais Demi ao meu lado para me consolar, as poucas vezes que eles nos visitavam, eu chamava Demi, eles a adoravam, a tratavam como uma neta. Dessa vez eu teria que ser forte, com ou sem Demi. Papai iria ficar o dia em casa, o que é uma coisa muito rara, mas sabia que seria apenas hoje, ele gostava de mostrar aos meus avôs que não se entregou ao trabalho depois que a esposa morreu. 
 Na casa não havia telas ou tintas, todas que eu tinha levei para New York e eu estava precisando me distrair e queria pintar algo para meus avôs, eles não deram opinião quando disse que iria me mudar para NY e ser pintora, vovó foi a única que ficou radiante. 
 "Eu sabia que havia outra artista na família além de mim" ela disse alguns meses antes de me mudar, vovó não era pintora, ela era cantora, não profissional, ela tentou ser, mas em sua época era uma afronta contra seus pais, mas lembro-me perfeitamente quando mamãe tocava piano e ela começava a cantar. Ficava me perguntando por que vovó não seguiu essa carreira, sua voz era incrível. 
 Já que havia brigado com Demi, fui até a única pessoa que conhecia nessa cidade, Dallas. 
- Dói saber que sou sua ultima opção – ela disse adentrando no carro.
- Sem drama – respondi sorrindo – Então, você conhece algum lugar para eu comprar telas e tintas? 
- Porque eu deveria saber umas coisas dessas? – ela perguntou. – Mas sei um ótimo lugar para nos distrair.
- Você sabe que eu não bebo pela manha – disse ligando o carro. 
- Cala a boca, não sou desse tipo – ela disse dando um tapa em meu braço – Estou dizendo que deveríamos ir até um bar e conversar, afinal só conversamos quando você está brigada com Demi.
- Não exagera – disse – E como você sabe que eu e ela brigamos?
- Simples – ela olhou-me – Sei o que aconteceu entre vocês.
- Sabe? – perguntei dando uma rápida olhada para ela.
- Sei sim – Dallas falou assentindo – Foi difícil fazer-la confessar, mas depois que você saiu daqui, ela ficou suspirando pelo os cantos, então juntei as peças e a fiz me contar.
- Isso quer dizer que você sabe sobre...
- Tudo, (SeuNome), meu Deus como você é lerda – ela falou dando outra tapa em mim, porém na cabeça – Sobre o beijo no dia do aniversario dela, sobre o que rolou lá em NY, o ciúmes dela e, alias me agradeça.
- Pelo o que?
- Quem você acha que a convenceu de ir até New York? A gênio aqui – ela respondeu apontando para si mesma.
 Estacionei o carro em frente o restaurante que eu e Demi costumávamos vim para estudar. 
- Sério? – perguntei com uma sobrancelha arqueada.
- Você que quis vim aqui – Dallas falou dando de ombros, entramos e escolhemos uma mesa afastada de todos.
- Você veio até mim por um motivo – ela falou assim que a garçonete saiu depois de ter anotado nossos pedidos.
- Só queria conversar – disse dando um suspiro.
- Comece – ela disse e falei o que tinha acontecido ontem, começando pelo o beijo que Alex havia lhe dado até o que ela disse em casa.
- E sem nenhuma cerimônia disse que estava com ele – disse por fim, Dallas ficou encarando-me por alguns minutos – Você não tem nada para me dizer?
- Nossos pedidos – ela disse e olhei para o lado, vendo a garçonete seguindo em nossa direção, colocou os dois cappuccinos e duas porções de rosquinhas em cima da mesa.
- Então Dallas? – perguntei, ela bebeu seu café e olhou-me.
- Você não acreditou, né? 
- Eles se beijaram, se não fosse por isso eu poderia pensar que ela estava mentindo – disse.
- Demi não namora o Alex, até porque o papai não o perdoou pelo o que ele fez a Demi – Dallas disse com a boca cheia de rosquinha – Ela está tentando fazer ciúmes.
- Mas...
- Talvez eles estejam ficando, mas não passa disso – Dallas me interrompeu – Mas sabe o que você deve fazer? 
- Me diz, por favor – supliquei, Dallas pegou sua bolsa, abrindo-a e tirando de lá seu telefone, discou alguns números e me entregou. – O que é isso?
- Se ela está fazendo ciúmes a você, é justo que você faça o mesmo – ela disse, olhei para a tela de seu celular e um sorriso instantâneo nasceu em meus lábios.
- Você é um gênio, Dallas Lovato.
***

 Nem sabia por que tinha aceitado o plano de Dallas, mas era um plano muito bom, fazer ciúmes a Demi e principalmente com a pessoa que mais odiava, Natalie.
 Meus avós havia chegado a algumas horas e tinha sido incrível vê-los. Vovó adorou ouvir sobre minha vida lá em NY, até meu pai ouviu com atenção. À noite eu iria colocar o plano de Dallas em prática, não queria deixar meus avós sozinhos, mas garanti que iria passar o domingo todo com eles.
 Dallas e Demi me esperavam em frente a casa, Dallas passava batom, enquanto Demi estava de braços cruzados e batendo o pé impaciente. 
- Pensei que tinha desistido – Dallas falou entrando e sentando no banco de trás, Demi abriu do banco carona e entrou rapidamente.
- Olá (SeuNome) – disse encarando-me.
- Demetria – disse, a vi colocar o cinto e logo liguei o carro. – Dallas, chamei mais alguém para ir com a gente, você não se importa, né?
- Claro que não – Dallas falou e me segurei para não rir, éramos uma bela dupla de mentirosas – Você se importa, Demi?
- Tanto faz – ela deu de ombros, olhei para Dallas pelo o retrovisor lançando um olhar de "isso vai dá merda". O caminho foi bastante tranqüilo, a única que estava quieta era Demi, não falava nada e muito menos parecia querer está ali. Estacionei o carro em frente à casa de Natalie. Demi franziu o cenho e virou-se encarando-me.
- Essa casa é da... – Demi foi interrompida por Natalie que abria a porta do carona, olhou para Demi com um olhar de poucos amigos e aposto que Demi fez o mesmo, finalmente Demi se rendeu e saiu, indo para o banco de trás com Dallas.
- Onde vamos? – Natalie perguntou animadamente como se tivesse apenas nós duas no carro.
- Estou aberta a idéias – disse e a vi sorrir.
- Tem uma boate muito boa aqui perto – Natalie disse – Mas é para maiores de idade.
- Isso não é problema - disse e a vi virar-se encarando Demi.
- Você é maior de idade, Demetria? – Natalie perguntou, olhei para Demi pelo o retrovisor, ela abriu a boca para responder – rudemente, aposto – mas voltou a fechá-la.
- Sou sim – ela disse por fim dando um sorriso falso – Você é Natasha?
- É Natalie – disse e virou-se para frente, pude ver Demi revirar os olhos pelo retrovisor. 
- Então vamos para a tal boate – disse tentando amenizar o clima, o que não adiantou, ouvia Demi suspirar, cochichar com Dallas que não queria está ali e ainda tinha Natalie, sabia que estava usando-a e isso me fazia sentir um lixo, eu tinha uma queda por ela no colegial, mas depois desses sentimentos por Demi, eu não tinha olhos para mais ninguém, clichê não? 
Estacionei o carro e notei que a boate era bastante movimentada, Natalie saiu na frente e logo Dallas a seguiu.
- Pensei que não gostasse de lugares movimentados – ouvi atrás de mim.
- Não gosto – disse virando-me, Demi tinha os braços cruzados e encarava-me. – Mas sempre tem uma primeira vez.
- E essa primeira vez se chama pegar a Natalie? – Demi disse sarcástica, fiquei encarando-a por alguns minutos, sei que ela estava tentando desvendar minha expressão, mas era fácil desvendar já que eu estava sorrindo por dentro, vê-la com ciúmes era a melhor coisa que podia me acontecer, isso significava que ela tinha sentimentos por mim e não era só sentimentos de amizade.
- Descobriu meu segredo – respondi e virei-me, Natalie comprava nossas entradas – Tudo bem aí?
- Hoje a noite promete – ela disse mordendo o lábio.
 Com certeza aquele não era meu tipo de ambiente, muitas pessoas, música alta, cochichos, foi então que senti a mão de Natalie entrelaçar-se na minha puxando-me para o bar.
- Vodca – ela pediu e olhou-me – O que vai querer?
- O mesmo – respondi, Natalie deu um sorriso e logo vi Dallas e Demi se aproximarem.
- Já avistei três gatinhos – Dallas disse, olhei para Demi que prestava atenção na pista de dança, sabia que ela não queria me encarar. Dallas pediu seu drink e foi para pista de dança, Demi estava segurando um copo e sua expressão não era nada boa. Talvez estivesse brincando com a sorte, poderia muito bem chamá-la para conversar e dizer o que vim dizer, parecia fácil falar, mas não era. Bebi meu drink e aproximei-me de Demi, mas antes que eu abrisse a boca para falar algo, vi uma Natalie suada e ofegante ficar em minha frente.
- Vamos dançar – disse e puxou-me para a pista de dança, olhei por cima do ombro e vi Demi nos  fuzilar com o olhar.
 Natalie dançava bem perto de mim, passando a mão pelo corpo, mordendo o lábio, se mexendo de acordo com a batida da música. 
- Você não está se soltando – ela disse em meu ouvido, claro que não estava me soltando, primeiro por que ali não era o meu tipo de local e segundo porque não sabia dançar, dei um sorriso e sussurrei no ouvido de Natalie.
- Não sei dançar – ela sorriu e se aproximou-se mais de mim, se é que era possível, botou as mãos em minha cintura e encarou-me.
- Apenas se mexa de acordo com a música – então comecei numa tentativa frustrada de tentar dançar, Natalie apenas observava e ria.
- É, você não sabe dançar – ela disse alto por conta da música – Mas sei uma coisa que você sabe.
 Arqueei as sobrancelhas confusa e apenas a vi passar os braços por meu pescoço e me beijar. Rapidamente retribui, passando meus braços por sua cintura, separamos o beijo e meu olhar foi diretamente para Demi no bar, porém ela não estava mais lá, olhei para o lado a procura de Dallas e vi que estava beijando-se com um cara. 
- Por quem está procurando? – ouvi Natalie perguntar, a encarei e vi que estava séria.
- Por ninguém – disse.
- Você e a Demi tem algo?
- Não, só somos amigas, pelo menos eu acho que continuamos amigas – disse, ela assentiu e logo selou nossos lábios. Ficamos um tempo se beijando, cada beijo o clima ficava mais intenso, Natalie arranhava meu pescoço com suas unhas e eu apertava sua cintura, descia meus beijos para seu pescoço e a ouvia gemer.
- Vamos sair daqui – ela disse olhando-me, assenti e logo a vi puxando-me para fora da boate, dei uma ultima olhada por cima do ombro para ver Demi e acabei me arrependendo do que vi, Demi conversava com alguns garotos no bar, senti um ódio crescer dentro de mim e virei-me seguindo Natalie. 
 Enquanto procurava as chaves do carro, Natalie beijava meu pescoço, quanto finalmente achei não tive nem tempo de abrir a porta do motorista, Natalie pegou as chaves e abriu o banco de trás, a encarei confusa. Ela tinha uma expressão diferente no rosto, mordeu o lábio inferior e empurrou-me, senti minhas costas baterem no banco e logo Natalie já estava em cima de mim, beijando meu pescoço, sei que o clima estava esquentando e Natalie já tirava minha blusa, mas eu só conseguia pensar em Demi e aqueles outros caras. Natalie já tentava abrir os botões de minha calça, peguei em seus ombros e afastei.
- Para – disse e a vi me encarar confusa.
- Como? – ela perguntou, mas logo voltou a beijar meu pescoço.
- Não posso fazer isso – disse e novamente Natalie parou o que estava fazendo para encarar-me.
- O que?
- Eu gosto de você e é por isso mesmo que não posso fazer isso – disse e levantei-me, sentando no banco.
- Não estou...
- Estou usando você – disse – Te trouxe para fazer ciúmes a Demi, não sabia que iria ficar assim, tão intenso e... Eu sinto muito.
 Natalie me encarava com um expressão que eu não sabia dizer, ela botou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha e pegou sua blusa que estava no banco assim como a minha.
- Você quer que eu te deixe em casa? 
- Eu pego um táxi – ela disse rapidamente.
- Natalie, eu sinto muito mesmo.
- Eu sei que sente – ela disse forçando um sorriso e pegando em meu rosto - No dia do aniversário da Demi, vi o jeito que ela olhou para mim quando me viu com você – ela deu um sorriso – Ela gosta de você e acho que você deve falar com ela o mais rápido possível.
- Acha mesmo?
- Demi é sortuda por ter uma pessoa como você gostando dela – E assim saiu, fiquei um tempo pensando no que tinha acabado de acontecer, Natalie tinha dado força para eu falar com Demi. Então me dei conta que realmente estava apaixonada por Demi, não consegui ficar realmente com outra pessoa e quando quase ia ficando, eu pensava nela. Vesti a blusa de volta, ajeitei o cabelo que estava um pouco bagunçado e voltei para boate. Fui em direção ao bar e lá estava Demi ainda conversando com os caras.
- Podemos conversar? – sussurrei em seu ouvido, Demi virou-se e sua cara se fechou – Vim em paz.
- Estou ocupada.
- É sério, Demi – disse e a vi arquear as sobrancelhas, sabia o que ela queria – Por favor.
- Cinco minutos – ela disse, assenti e segui em direção ao estacionamento, queria um lugar sem barulho. Demi estava encostada no carro com cara de poucos amigos, respirei fundo e cruzei os braços.
- Eu... – comecei, mas logo fui interrompida.
- O que aconteceu com a Natalie? Foi uma rapidinha? Por que do jeito que vocês...
- Natalie foi embora – disse cortando-a.
- Foi é? Não foi bom para...
- Será que você ´pode parar de agir assim?! – disse sem paciência – Quero ter uma conversa séria com você.
- Pois eu não quero – Demi falou – Já não basta vim com a Natalie agora quer...
- O que você tem contra a Natalie?
- Não tenho nada contra ela – Demi disse cruzando os braços. – Natalie é...
- O assunto aqui não é a Natalie – disse interrompendo-a – O assunto aqui é eu e você, Demi.
- Acho que não é hora e nem lugar para...
- Pare de ficar na defensiva – disse interrompendo-a – Quer saber? Acho que é melhor esquecer tudo isso.
- Do que está falando? – Demi perguntou confusa.
- Daquele maldito beijo! – disse, na verdade gritei, Demi arregalou os olhos – Merda, só consigo pensar nele, só consigo pensar em você Demi! E isso tá me enlouquecendo, nem pintar eu consigo e você sabe como eu fico quando não consigo pintar? Depois que você desapareceu do apartamento e não me dava um sinal de vida, decidi vim até aqui e falar tudo, falar tudo que estou sentindo e olha o que aconteceu. Vi você com o cara que eu mais odeio e acabei de dispensar uma garota incrível, e isso não é o pior, o pior é que merda Demi, eu pensei que falando tudo isso as coisas iriam, sei lá, ficar tudo bem de novo, mas vejo que não ficou e nem vai ficar.
 Parei e vi que Demi me olhava sem esboçar nenhuma reação, nem piscar ela fazia isso, respirei fundo e passei as mãos pelo os cabelos.
- Não vai falar nada? – perguntei, Demi ainda me encarava com as sobrancelhas adequadas com uma expressão de surpresa, assenti e abri a porta do carro – Entendi, tudo bem, sabia que isso iria acontecer... Vou ter que ir agora, fale para Dallas que eu tive que ir, adeus Demi.
- (SeuNome) – virei-me e Demi me encarava ainda confusa. – Eu não sei o que...
- Tudo bem, Demi – disse e forcei um sorriso, respirei fundo e abri a porta do carro. Antes de sair dali, olhei para onde Demi estava porém ela não estava mais ali. Respirei fundo e liguei o carro saindo o mais de presa possível.

28 de mai. de 2015

10.

"I can't set my hopes too high, 'cause every 'hello' ends with a 'goodbye.'" - Catch Me.
2008.
 Acordei naquela manhã sentindo algo que nunca tinha sentido. Algo no peito, uma felicidade, que na verdade não durou tanto. Assim que virei-me, Demi não estava ao meu lado, claro que fiquei um pouco desapontada, esperava vê-la ali, talvez sorrindo ou até mesmo dormindo. Levantei-me, fiz minha higiene matinal e fui para cozinha, talvez ela estivesse tomando café.
- Bom dia – disse assim que vi Jess e Charlie sentados à mesa. – Onde está Demi? 
- Não sei, ela dormiu com você, porque eu saberia? – Jess perguntou tomando um pouco de café. E foi aí que minha felicidade, aquele “algo” no peito desapareceu. Demi tinha fugido, não tinha falado comigo ou deixado algo escrito, nada, só saiu antes que todo mundo acordasse, pra ninguém vê-la. Acho que você pode imaginar o que eu fiz ou como fiquei. Eu estava realmente sentindo algo a mais por Demi, depois daquela festa – principalmente depois daquela festa – eu não a vi mais só como minha melhor amiga, eu sentia algo que eu não sabia explicar. Liguei para ela, mandei e-mails, até mesmo cartas e nada, ela não respondia nada. Eu fiquei bastante deprimida, não saia mais do quarto e muito menos pintava, o que era uma coisa rara, afinal quando estava deprimida eu costumava a pintar, mas nem isso eu tinha vontade. E aquilo estava me deixando louca, estava me deixando de um jeito que eu não me reconhecia mais. Jess e Charlie chamaram até mesmo Maya, e nem ela conseguiu me tirar daquele quarto. 
- Já chega! – já tinha passado uma semana naquele quarto, sem ver o sol ou pessoas – Está na hora de você fazer algo, (SeuNome).
- Eu não quero fazer algo – disse cobrindo-me com o cobertor, porém logo o senti sendo arrancada de mim.
- Você precisa parar com isso! – Jess disse impaciente – Já faz uma semana que você não sai da merda desse quarto, mal come e me diz a ultima vez que você tomou banho?!
- Jessica... – comecei, mas não tinha nada para argumentar, Jess estava falando a verdade.
- Você não deve ficar assim por ela, (SeuNome) – ela disse cruzando os braços – Demi deve está no braço daquele garoto... Como é nome dele?
- Alex – respondi e logo ela assentiu.
- Isso, Alex – Jess disse – Demi deve está com ele, enquanto você está nesse quarto que cheira a repolho estragado sem vontade de fazer nada, nem mesmo pintar.
- O que eu posso fazer? – disse suspirando – Ela vem até aqui, sente ciúmes da Maya e até confessa, aí depois simplesmente desaparece? Não atende minhas ligações, nem e-mails, nada!
- Você tem que resolver isso de uma vez por todas! 
- Como? 
- Fale com ela! Se for preciso, vá até Albuquerque e fale tudo isso que acabou de dizer para mim! – Jess disse jogando as mãos para cima, suspirei e desviei o olhar. Jess estava certa, Demetria não poderia simplesmente aparecer aqui, mexer com minha cabeça e depois ir embora sem dá satisfações. Levantei-me rapidamente e segui em direção ao banheiro.
 Como da ultima vez, eu fui de carro até Albuquerque, só que dessa vez eu estava mais ansiosa do que o normal. Iria dizer tudo a Demi, tudo mesmo. O que senti com o beijo, como eu não parava de pensar nele um só minuto e que amei vê-la com ciúmes. Não passei em casa como da ultima vez, assim que cheguei a Albuquerque fui logo para a faculdade de Demi, fiquei esperando-a por horas e horas, até finalmente ver os alunos saindo. Foi quando eu a vi, meu coração quase pulou para fora do peito, por um segundo pensei em sair daquele carro correndo. Mas algo aconteceu. Alguém agarrou Demi por trás, virando-a e selando seus lábios. Não sei bem o que senti naquela hora, talvez tristeza e ao mesmo tempo raiva. Reconheci aquele franja loira caindo em sua testa, aquele ar de superior, Alex. A única coisa que fiz foi ligar o carro e sair dali. Eu sempre fui cuidadosa quando o assunto era transito, não havia esquecido a maneira que minha mãe havia morrido, porém naquele dia eu nem estava pensando nisso. Só queria ir para bem longe de Demi e aquele idiota do Alex. Ela foi embora sem deixar explicações para ficar com ele, com certeza teria ido a New York só para me contar e não teve coragem. Parei o carro de qualquer maneira em frente ao supermercado e desci. Peguei uma caixa de cerveja e vários salgadinhos, não iria para casa porque ela poderia ir lá e a ultima que queria era falar com ela. Havia pegado tudo que queria e segui em direção ao caixa, paguei e segui em direção ao estacionamento.
- (SeuNome)? – ouvi atrás de mim e reconheci aquela voz, respirei fundo e continuei andando em direção ao carro – (SeuNome)! 
 Joguei as sacolas no banco carona e adentrei no carro, olhei para o lado e a vi encarando o carro, Demi estava paralisada e seu olhar era uma mistura de confusão e surpresa, balancei a cabeça negativamente e liguei o carro seguindo para o monte que eu havia levado alguns meses antes. 
***

 Estacionei o carro em frente de casa e sai andando até os fundos. Iria embora na manha seguinte, não suportava mais Albuquerque e jurei que nunca mais pisaria ali. Olhei e vi que não havia ninguém na cozinha talvez Dolores estivesse de folga hoje, sabia que papai não estava em casa, por isso iria dormir e de manha cedo iria partir para NY. Segui para meu quarto e joguei-me na cama, olhei para o relógio no pulso e vi que eram seis horas. Eu poderia dirigir até NY, mas estava muito cansada e havia bebido algumas cervejas, dirigir do monte até aqui não era assim tão perigoso, havia pouco movimento tanto de carros como de pessoas. 
 Meus olhos estavam pensando quando ouvi a campainha tocar, pedi para Dolores surgir e atender, mas ela não estava em casa, então decidi que a pessoa tocasse até se ligar que não havia ninguém em casa, mas meu carro estava estacionado em frente de casa. Suspirei e desci as escadas me arrastando, respirei fundo e abri a porta. Eu deveria ter imaginado, ela não sossegaria até falar comigo, perguntar por que eu não falei com ela quando nos encontramos no supermercado.
- Olá – disse dando um sorriso falso.
- Posso entrar? – ela perguntou, dei de ombros e andei em direção a sala – Porque não está em New York?
- Que bela maneira de me receber – disse jogando-me no sofá, Demi foi para frente da TV e ficou um tempo encarando-me – O que foi?
- Porque não falou comigo lá no supermercado? E porque você está aqui e não em NY? – ela começou.
- Não vi você no supermercado e estou aqui porque tenho algumas coisas para resolver – respondi, Demi revirou os olhos e bufou.
- Você está mentindo – esse é o problema das melhores amigas, elas nos conhece até melhor que nos mesmos. 
- É sério, não vi você lá – disse o mais convincente possível, sabia mentir muito bem, mas como disse Demi era minha melhor amiga e me conhecia como ninguém. 
- E o que você está fazendo aqui?
- Já disse, vim resolver alguns problemas – disse – Você deveria saber, mas esqueci que não atendeu minhas ligações e muito menos respondeu meus e-mails. 
- Não venha mudar de assunto – Demi disse defensiva. – Estamos falando de você...
- Não, você está falando de mim – respondi irritada – Se não se incomoda, tenho que dormir porque amanha vou viajar cedo.
- Você está me expulsando? – Demi perguntou sem acreditar, levantei-me e fui até a porta, abrindo-a.
- Entenda como quiser, Demi – disse revirando os olhos, Demi encarou-me por alguns minutos, assentiu e seguiu até a saída, porém antes de sair olhou-me.
- Eu sei que você estava na porta da faculdade – ela disse – E sim, eu e Alex estamos juntos. 
 Isso foi como uma facada, uma não, varias. Demi não poderia ser mais cruel, senti um nó na garganta, respirei fundo e segui até o quarto. Não aguentaria ficar ali nem mais um dia, tinha que ir embora o mais rápido possível, Albuquerque não era minha casa mais, não significava nada para mim, peguei minha bolsa e sai do quarto.
- Vai para algum lugar, querida filha? – o dia não poderia ficar melhor, virei-me e o vi encarando-me.
- Pai – disse acenando com a cabeça, então ele estava ali o tempo todo? Será que havia me visto entrando em casa? Será que ouviu a conversa com Demi? – O senhor estava aí o tempo todo?
- Não respondeu minha pergunta – ele disse sério.
- Só vim... Havia algumas coisas minhas que eu não tinha levado para NY e... – comecei.
- Eu deveria está gritando com você agora por causa daquela festa – ele disse dando alguns passos em minha direção – Aqueles adolescentes inconseqüentes bêbados na minha sala, não foi um dia agradável para mim e com certeza para eles.
- Eu sinto muito – disse – Não irá se repetir.
- E não irá mesmo – ele disse assentindo.
- Vou embora agora e não volto até, sei lá, para sempre – disse e o vi sorrir.
- Você pode fazer isso, mas não agora – ele falou – Seus avôs vem para cá, visitar você e, bem, você não vê seus avôs há anos, certo?
- E quando eles vem?
- Sexta – papai respondeu – E voltam domingo.
- Isso quer dizer que eu...
- Sim, vai ter que passar o final de semana aqui.