16 de out. de 2015

17.

"Your selfish hands, always expect more..." - For the Love of a Daughter
2010
- Você não vai fazer isso - Demi disse depois de vários minutos em silêncio.
- Demi, você acha que eu estou feliz com isso?
- Ele vai querer algo em troca - Demi falou, dei um suspiro e passei as mãos nos cabelos.
- Eu sei, mas... É uma chance maravilhosa e se eu conseguir posso pagar a ele depois. - Demi assentiu e alcançou minha mão na mesa.
- Certo, certo - ela disse levantando-se da cadeira e sentando-se em meu colo, passando os braços por meu pescoço - Mesmo receosa com essa ideia, estarei do seu lado.
- Sempre? - perguntei e a vi sorrir.
- Sério que você está perguntando isso?
- Sério - falei assentindo, então algo veio em minha cabeça - Casa comigo.
- (SeuNome)! Isso não é hora para brincadeira - ela disse levantando-se do meu colo e indo até a geladeira.
- Mas quem disse que eu estou brincando? - disse levantando e abraçando-a por trás - Estou falando sério, casa comigo.
- De ideia maluca só basta uma - ela falou dando um rápido selinho em mim - Selena e Miley estão me esperando, se quiser desistir é só ligar.
- Não irei - disse, ela sorriu e saiu.
Tinha convidado meu pai para jantar em casa. Motivo? Eu estava precisando de dinheiro, é parece uma coisa bem filha da mãe para falar a verdade, mas era minha única saída. Iria fazer uma exposição dos meus quadros e por isso tinha que ter uma grana, como eu estava meio dura, a única pessoa que poderia pedir ajuda era meu pai, a primeira pessoa que era contra eu ser pintora.
 Demi odiou a ideia, e eu também, mas era isso ou ter que esperar outra grande oportunidade, que provavelmente não iria aparecer tão cedo. Enfim, liguei para ele e confesso que ouvi certa surpresa em sua voz quando o convidei, ele aceitou e viria esta noite.
...
- Hey, ele já chegou? -  Demi perguntou ao telefone.
- Não, liguei para ele e me disse que está preso em um engarrafamento.
- Isso é um sinal - Demi falou - Vamos ao cinema, você poderia nos encontrar.
- Demi, você sabe que eu não posso fazer isso.
- Certo - Demi falou com um suspiro - Selena está me chamando, boa sorte e tente não assassiná-lo.
- Vou tentar - disse, nos despedimos e logo desliguei.
 Achei melhor conversar às sós com meu pai, Demi insistiu para ficar, porém pedi a Selena chamá-la para sair.
Olhei no espelho, a casa estava organizada, eu tinha feito o jantar, papai chegaria e eu iria pedir o dinheiro, simples, bem, na teoria parece simples. Ouvi a campainha e suspirei, indo até a porta e abrindo-a. Fazia alguns anos desde que vi papai pela última vez, não tinha mudado muito, parecia mais velho e mais cansado.
- Entra - disse, ele assentiu e passou por mim.
- Belo apartamento - ele falou depois de minutos avaliando o local.
- Obrigada - disse.
- Onde está Demetria?
- Saiu com umas amigas.
Papai assentiu e sentou-se na poltrona ainda analisando o apartamento.
- Confesso que fiquei surpreso quando você me ligou.
- Você não foi o único - disse pegando algumas cervejas na geladeira e voltando para sala.
- Então... - ele pegou uma cerveja, bebendo em seguida - Quanto você quer?
- Porque você acha que eu te chamei por causa de dinheiro? - Demi tinha razão, era uma péssima ideia ter chamado ele, papai encarou-me por alguns minutos e suspirou.
- Você sabe que eu odeio joguinhos, fale logo quanto você quer - ele falou impaciente, o encarei por longos minutos. Eu queria dizer que não o chamei por causa de dinheiro, queria provar a ele que não precisava da merda do dinheiro dele, mas infelizmente eu não podia. Era uma grande chance e eu não poderia deixar passar.
- É verdade - disse encarando a cerveja em minhas mãos - Preciso do seu dinheiro.
- Isso é obvio, já que você não faz nada e não venha dizer que pintar é trabalho porque não é - por um momento pensei que iria quebrar a garrafa em minhas mãos - Eu lhe darei.
- Er... Obrigada - disse finalmente olhando-o. - Irei pagar assim que puder, não se preocupa.
- Tenho uma pergunta - ele disse e logo assenti motivando-o a continuar - Para que você quer esse dinheiro?
- Vou fazer uma exposição dos meus quadros - disse finalmente, papai me olhou com as sobrancelhas arqueadas.
- Você quer meu dinheiro para isso? Para uma exposição?
- A galeria é famosa, se tudo der certo, você terá seu dinheiro de volta antes mesmo de piscar.
- Você acha mesmo que isso vai 'dar certo', (SeuNome)? - ele falou - Você acha que viver de pintura vai te levar para frente? Você acha que vai conseguir sustentar você e Demetria com isso?
- Eu não pedi sua opinião, só quero a merda do dinheiro e depois eu pago.
- Não vou dar meu dinheiro para uma brincadeira como essa - ele falou balançando a cabeça, respirei fundo e levantei-me.
- Quer saber? Eu não preciso da merda do dinheiro! Eu não preciso de você! Pega esse seu dinheiro e... Sai da minha casa - disse apontando para a porta, papai ficou me encarando, aquele olhar avaliador, aquele olhar que eu tanto odiava, aquele olhar que ele dava quando eu tirava alguma nota baixa na escola ou quando fazia algo errado, o olhar de superioridade.
- Filha... - ele disse colocando a garrafa encima da mesinha de centro e levantando-se também.
- Você sabe que estou falando a verdade, não sabe? Pintar é legal, como vocês crianças de hoje chamam? - ele falou coçando o queixo - Está na moda, isso, está na moda. Mas isso é um hobby, filha, isso se faz quando você está estressado ou apenas para se divertir, isso não vai te levar para lugar nenhum...
- Cala a boca! -disse interrompendo - Eu não deveria ter ligado para você, Demi estava certa, eu não deveria...
- Você ama Demi? - ele falou de repente, o encarei por alguns minutos - (SeuNome), você ama Demi, certo? Você quer ter uma família com ela, não quer? Eu sei que quer, mas para construir uma família, principalmente na situação de vocês, vocês precisam de estabilidade, você acha que pintar quadros é uma profissão de estabilidade? Você acha que todo dia vai ter alguém disposto a comprar pelo menos um quadro? (SeuNome), você é minha filha, eu me importo com você, eu quero o melhor para você. Por isso, eu aceito dá o dinheiro para você.
- O que?! - quase deixei a garrafa cair de minha mão, papai respirou fundo voltando a falar.
- Eu irei dá o dinheiro para essa sua brincadeira - falou - Que tal eu e você fazer um acordo?
- Acordo? Do que o senhor está falando? - agora ele tinha chamado minha atenção, papai deu alguns passos ficando um pouco mais perto de mim.
- Eu vou dá o dinheiro para você fazer essa tal exposição, se 'der certo' como você mesma disse, você me paga e pronto, ficamos bem - ele disse.
- E se não der certo?

- Você vem trabalhar comigo, irei abrir uma filial aqui em New York e você fica no lugar que deveria está á muito tempo - ele disse, abri a boca para falar, porém ele continuou - Como disse, não precisa me responder agora, te dou uma semana, é pegar ou largar.