8 de dez. de 2014

5.


2008. 
 Ano de 2008. Eu e Demi já tínhamos nos formado. Meu pai era um famoso dono de hotéis por quase todo Estados Unidos. E eu, bem, eu estava na Big Apple, ou seja, New York City. Eu havia passado o ano de 2007 apenas vivendo com os lucros dos meus quadros, eu e mais dois amigos. Meu pai sabia e claro, ele não apoiava, mesmo assim não falava nada, afinal, ele ligava mais para seus hotéis do que sua unica filha. Eu e Demi nos falávamos apenas por internet e telefone, já que ela estava em Albuquerque cursando medicina e eu, em New York. Nós duas sempre tivemos essa conexão e ficou mais forte depois da morte da minha mãe. Demi era minha unica família.
 Faltavam apenas alguns dias para o seu aniversario de 21 anos e não poderia faltar, então peguei a mini van do meu parceiro de apartamento - Charlie - e dirigi até Albuquerque. Eu queria muito vê-la, então fui direto para a faculdade e a esperei até suas aulas terminarem.
 Demetria estava diferente, seus cabelos castanhos, agora estavam loiros, tinha ganhado mais curvas e não poderia negar que ela estava bem gostosa. Ajeitei o cabelo pelo espelho do retrovisor e sai do carro, ficando encostada no capo do próprio. Lembro-me exatamente como ela ficou assim que me viu. Aquela expressão de confusão e surpresa, aquele sorriso que dizia ‘eu não acredito’ e a forma que ela correu assim que me viu.
- Feliz aniversario! – respondi sorrindo e abraçando-a. Nunca irei esquecer da sensação de te-la abraçado depois de um ano. O cheiro dos seus cabelos, os braços em volta de minha cintura. – Seu presente de aniversario acabou de chegar.
- O que você esta fazendo aqui? – Demi perguntou finalmente separando o abraço, depois de minutos.
- Irei responder – disse – Só que voce precisa entrar no carro. 
- Isso por acaso é um seqüestro? – ela perguntou brincalhona.
- Sim é, e não fale nada por que isso pode ser usado contra você no tribunal – disse e a vi sorrir, dei a volta no carro e abrindo porta para ela. Rapidamente entrei no carro, dando partida em seguida.
- Então, o que esta fazendo aqui? E de quem é esse carro? Você veio ficar de vez? – ela perguntou após dar partida.
- Uma pergunta de cada vez – disse dando uma rápida olhada para ela.
- Certo, o que você esta fazendo aqui?
- Hoje é o aniversario de uma amiga minha – disse – Então decidi vim, afinal se eu não viesse ela acabaria comigo.
- E acabaria mesmo – ela respondeu sorrindo. – Mas para onde você ta me levando?
- Surpresa – respondi e percebi que ela encarava-me – Então não vai perguntar mais?
- De quem é esse carro? – ela perguntou analisando o carro.
- Charlie, você sabe, meu parceiro de apartamento – respondi encarando a estrada.
- Falando em parceiros de apartamento... – Demi começou e eu já sabia do que se tratava – Você nunca mais viu a Maya?
- Nem fala nesse nome, por favor – pedi e a vi sorrir. – Mas respondendo sua pergunta, não, nunca mais a vi, Maya sumiu do mundo.
 Maya era uma garota que eu havia me relacionado há alguns meses, nos conhecemos no pub que costumava ir em Manhattam e ficamos durantes alguns meses, porém em um belo dia, acordei e Maya tinha ido embora, simplesmente, sumiu. Você ira saber mais sobre essa historia, só que não agora. 
- Para onde você esta me levando? – Demi voltou a perguntar.
- Já disse, surpresa – disse avistando o supermercado, segui para o estacionamento e parando o carro, desafivelei o cinto e abri a porta do mesmo. – Volto em minutos, não saia.
 Demi tinha falado algo, porém eu já estava longe, adentrei no supermercado pegando um carrinho. Comprei uma caixa de cerveja que continham seis, salgadinhos, algumas latinhas de refrigerantes e mais alguns “petiscos”. Paguei e voltei para o carro.
- O que é tudo isso? – Demi perguntou enquanto colocava as compras no banco de trás.
- Uma parte de surpresa – respondi já voltando para o banco e dirigindo. Ficamos conversando sobre coisas aleatórias, até chegarmos onde eu queria. Era um monte onde dava para ver os prédios de Albuquerque. Estacionei o carro e olhei para Demi.
- Eu não acredito – ela disse sorridente, peguei as sacolas no banco de trás, colocando em cima do capô.
- Então... – Demi disse sentando-se no capô ao meu lado – Você veio só para meu aniversario ou...
- Infelizmente – disse pegando uma cerveja, Demi assentiu tristemente e pegou outra – Não quero ver você triste, vamos falar de outra coisa.
- Tipo? – ela perguntou dando um gole em sua cerveja.
- Sua festa de aniversario! – disse alto, Demi balançou a cabeça negativamente e sorriu.
- Estava pensando e sairmos para um pub que abriu aqui perto – ela respondeu.
- É uma ótima ideia, porém... – disse – É seu aniversario de 21 anos, você pode fazer tudo que quiser e levar a culpa, e não é todo dia que fazemos 21 anos, então, eu (SeuNome) Forman, sua melhor amiga, a pessoa que você mais ama nesse mundo, fará sua festa.
- (SeuNome), acho que isso não é uma boa ideia – Demi falou.
- Por quê? Você sabe que eu sou ótima em festas.
- Onde seria essa festa, (SeuNome)? No seu carro? – ela perguntou sorrindo.
- Demetria, você não entende nada, não é? – disse encarando-a – Eu moro em NYC, preciso falar mais?
- Certo, eu deixo você fazer minha festa – ela disse e eu rapidamente a abracei – Só que onde será?
- Você confia na sua melhor amiga? Se não, vai ter que confiar.
***
A festa seria na minha casa, eu havia me mudado para NY, porém meu pai continuava em Albuquerque , morando na mesma casa. Quase morando, afinal ele vivia trabalhando, a casa vivia sozinha, apenas com Dolores que era nossa empregada.
- Mãe, pai, cheguei! – Demi gritou abrindo a porta, a casa de Demi continuava a mesma e convenhamos que a minha também. – E adivinha quem eu trouxe?
- Um namorado? – reconheci a voz de Dallas. Ah Dallas, era uma das pessoas mais próximas de mim alem de Demi. – Eu não acredito! (SeuNome)!
- Dallas! – disse abraçando-a forte erguendo-a no ar, quem diria que hoje em dia nem nos cumprimentamos educadamente.
- Nem vou perguntar por que você esta aqui – ela disse separando o abraço.
- E nem precisa – Demi respondeu revirando os olhos, Dallas lançou um olhar para mim e sussurrou.
- O bom e velho ciúmes – sorri e segui abraçada a Dallas para a cozinha, onde Dianna e Eddie encontravam-se.
- (SeuNome)! – Dianna disse levantando-se da cadeira e indo em minha direção, pois é, acredite se quiser, mas eu e os familiares de Demi tínhamos uma convivência muito amigável.
- O que você faz aqui, menina? – Eddie perguntou abraçando-me também.
- Você sabe, aniversario daquela baixinha, não posso faltar – disse apontando para Demi e a vi revirar os olhos.
- Como anda a vida? – Dianna perguntou. – Pintando muito?
- O suficiente para ganhar alguma coisa – disse e ficamos em silencio. Dianna e Eddie nunca gostaram da minha idéia de ir para NY e ser pintora, não que eles falassem ou me condenassem por isso, apenas não gostavam, mesmo assim respeitavam.
- Estamos lá em cima – Demi os avisou e me puxou pela a escada. O quarto de Demi continuava o mesmo, porém haviam uma estante enorme cheia de livros e ainda tinha alguns por cima da cômoda, escrivaninha, etc.
- Você disse que iria ser na sua casa, mas como? Seu pai vive lá, esqueceu? E de jeito nenhum ele vai deixar você dá uma festa.
- Só que você esqueceu de um pequeno, porém significativo detalhe – disse sentando-me na cama – Ele passa o dia todo e talvez à noite trabalhando.
- Certo, mas e o... – Demi começou, sentando-se ao meu lado na cama, passei o braço por cima dos seus ombros e disse.
- Deixa comigo, okay? Você terá a melhor festa de 21 anos do mundo.
***
  Abri com dificuldade a porta dos fundos, colocando as sacolas em cima do balcão.
- (SeuNome)? – reconheci a voz de Dolores, virei-me e abri um sorriso.
- Dolores! – disse seguindo até ela e abraçando-a. – Quanto tempo!
- Meu Deus, o que você faz aqui? – ela perguntou separando o abraço.
- É o aniversario da Demi – respondi tirando as coisas da sacola.
- E que sacolas são essas?
- Irei dá uma festa hoje – respondi e a encarei.
- Como? – Dolores perguntou – Você ta doida? Seu pai sabe disso?
- Ainda não – disse indo até ela – Não esquenta, Dolores, meu pai nem vai saber, afinal ele vive trabalhando, certo?
- Isso não vai da certo.
- Confie em mim, okay? – disse encarando-a – Se quiser, pode ir embora cedo ou você pode vim à festa.
- E correr o risco de seu pai me ver aqui no meio de adolescentes? Negativo – ela disse rindo, ri e segui em direção a sala. A casa continuava sempre igual, sem nenhuma poeira e nem sinal de que alguém morava ali, balancei a cabeça negativamente e subi as escadas. Meu quarto também parecia igual, claro, sem os pôsteres, sem minhas fotos ou meus quadros. Apenas um quarto normal, limpo e novamente sem sinal de que alguém dormia ali. Peguei a lista que Demi havia me dado com nomes de pessoas que eram amigas delas, além de ter pessoas que eu mal conhecia, havia poucas pessoas. Queria uma festa histórica, afinal minha melhor amiga estaria fazendo 21 anos, então alem de ligar para as pessoas da lista, pedi para que elas convidassem outras pessoas e essas outras pessoas convidassem outras, e por ai vai. O dia já estava acabando e a festa de Demi tinha vários convidados.
 A festa começaria as nove e eu já tinha tudo preparado, as bebidas na geladeira, salgadinhos, doces espalhados pela cozinha.
- Pensei que você não viria – disse bebendo um gole da cerveja.
- Já começou bebendo, hein? – ela disse seguindo em direção a cozinha – Onde você arranja dinheiro para comprar tanta bebida?
- Parece que você esquece que meu pai tem bastante grana – disse sentando-me no balcão – Quero que sua festa seja épica.
- Não sei por que, não tenho problema nenhum ser uma pequena comemoração com meus pais e você – ela disse pegando um salgadinho e comendo.
- Você pensa pequeno, Demetria – disse sorrindo, ela revirou os olhos e sorri.
 Não havia passado nenhum uma hora e o pessoal estava totalmente bêbado, alguns se pegando, outros dançando e tirando a roupa, etc.
- Você não acredita quem esta aqui – Demi disse sorrindo.
- Quem? – perguntei dando um gole em minha cerveja, já havia perdido a conta de quantas eu havia bebido.
- O Alex! – ela disse animadamente, resistir à vontade de revirar os olhos, porém apenas forcei um sorriso. Depois que Demi e Alex saíram pela primeira vez, eles haviam namorado, porém Alex a deixou e foi para Los Angeles.
- Que legal – disse e a vi cruzar os braços. – O que foi?
- Ainda tem um pé atrás com ele, não é?
- Claro que tenho, ele largou você, Demi, ele é um idiota – disse.
- Primeiro, ele não me largou, ela apenas foi em busca do sonho dele, você também não foi para NY em busca do seu sonho? Ele fez o mesmo – ela disse.
- Mas é diferente, eu não abandonei você – disse – Pelo contrario, pedi para você ir comigo, só que você não quis.
- Não vamos brigar na minha festa de aniversario, por favor – ela disse, revirei os olhos e assenti.
- Certo, mas se esse cara dê em cima de você, eu acabo com ele – disse e a vi balançar a cabeça negativamente e sorrir, foi quando vi Alex vindo em nossa direção.
- Seja gentil – Demi sussurrou baixo, ficando ao meu lado. – Oi Alex.
- Demi – ele disse abraçando-a, revirei os olhos e logo ele olhou-me – (SeuNome), meu Deus, você ta diferente.
- Acho que é porque envelheci alguns anos desde a ultima vez que nos vimos – disse forçando um sorriso falso para ele – Como anda as coisas em Las Vegas?
- Na verdade, eu fui para Los Angeles – ele respondeu.
- Ah mesmo, você foi sem falar com a Demi, ia me esquecendo – disse e senti Demi da uma cotovelada em minha costela, Alex desviou o olhar com certeza envergonhado e encarou Demi.
- Ta a fim de dançar, Dem? – ele perguntou sorrindo, revirei os olhos mais uma vez.
- Claro – ela respondeu, Alex pegou em sua mão e a levou. Fiquei observando os dois dançarem, de vez em quando Demi encarava-me e eu fazia sinal de vomitar, ela apenas revirava os olhos e desviava o olhar.
- (SeuNome) Forman? – ouvi atrás de mim e quase engasguei. Era Natalie Harper. A primeira garota que eu havia gostado, Demi sabia da minha paixão por ela e sempre dizia que eu deveria falar com ela, mas naquela época eu era bastante tímida.
- Oi – disse timidamente, Natalie tinha longos cabelos encaracolados, olhos grandes e castanhos, sua pele era morena e havia lábios que, cara, era demais. – Natalie Harper, certo?
- Certo – ela disse sorrindo – Você tem uma bela casa.
- Na verdade, essa não é minha casa – disse – É a do meu pai.
- Então seu pai tem uma bela casa – ela respondeu e eu sorri. Ficamos conversando sobre varias coisas e vi que Natalie era bem legal, divertida e bem gostosa. Até esqueci do mala do Alex com Demi.
- (SeuNome), eu... – Demi chamou-me, porém parou assim que viu Natalie ao meu lado – Podemos conversar?
- Claro – disse xingando-a por ter interrompido a conversa com Natalie, virei-me para ela e disse – Volto daqui a pouco, Nat, não saia da ai.
- Não sairei – ela respondeu piscando, olhei para Demi e ela estava revirando os olhos, então pegou em meu braço e levou-me para longe de Natalie.
- Nunca irei te perdoar por isso – disse, Demi arqueou uma sobrancelha e cruzou os braços.
- Natalie Harper? Serio mesmo?
- Qual é problema? Você sabe que eu era super afim dela no colegial e...
- Essa garota é uma vadia – Demi disse. – Você não pode ficar com ela.
- Certo, não fico com ela – disse e a vi sorri – Mas você tem que dá o fora no Alex.
- O que?! Ta louca?
- Não, isso é um acordo, eu não fico com a Natalie e você não fica com o idiota do Alex.
- Isso não é um acordo.
- É sim – disse – Aceita ou não aceita?
- Eu... – Demi desviou o olhar e logo depois arregalou os olhos – Ferrou.
- O que? – perguntei confusa e logo ela virou-me fazendo com que eu olhasse para a porta, gelei em ver quem entrava, meu pai. – Ferrou totalmente.