22 de mai. de 2015

9.

"Don't you remember I'm your baby girl? How could you push me out of your world..." - For The Love of a Daughter.
2014.
 Lílian havia me ligado depois que sai do apartamento de Louis. Meu pai queria me ver, com certeza queria saber por que estava faltado todos esses dias o trabalho. A porta do elevador abriu e rapidamente sai, enquanto andava até a sala do velho, pude sentir os olhares em mim. 
- Seu pai esta lhe esperando – ouvi atrás de mim, virei-me e a vi. Seus cabelos loiros sobre os ombros, uma blusa de botões vermelha e uma saia acima dos joelhos, Lílian me olhava por cima dos óculos e tive a impressão de vê-la morder o lábio. – Vou anunciá-la.
- Não precisa – virei-me e abri a porta. Ele estava falando com alguém ao telefone.
- Estou aqui – disse, ele olhou-me por alguns minutos, girou a cadeira e continuou a falar. Revirei os olhos e cruzei os braços, finalmente ele se despediu e virou-se a cadeira, encarando-me.
- (SeuNome) – ele disse.
- Fala logo o que você quer, pai – disse impaciente, ele deu um sorrisinho sínico.
- Quero saber por que você não esta vindo para empresa – ele disse e eu não pude deixar de sorrir, ele só poderia esta brincando, era alguma pegadinha. – Qual o motivo do sorriso?
- Minha esposa esta em coma em um hospital com poucas chances de sobrevivência – disse sentindo a raiva em minha voz – E você esta preocupado porque eu não estou indo trabalhar?! Você por acaso tem algum problema mental ou algo do tipo?!
- Isso é modo de falar com seu pai?! – ele disse agora parecendo irritado, fechei os olhos e contei de um até dez para não pular em cima dele – Eu estou sabendo e sinto muito pelo o ocorrido.
- Vou fingir que acredito, pai – disse irônica – Tenho que ir agora, porque tenho que ficar...
- E quando você voltará? – ele perguntou sério.
- Não se preocupe – disse – Não irei quebrar o acordo, não quebrei durante quatro anos e não será agora que irei fazer isso.
 Nem me despedi, nunca gostei daquele local, se não fosse pelo acordo eu nunca mais pisaria ali.
- (SeuNome)! – ouvi e reconheci a voz, virei-me e a vi vindo em minha direção.
- Oi Lílian – disse apertando o botão do elevador.
- Queria saber se está bem – ela disse ficando a alguns metros de mim, lancei um sorriso sem mostrar os dentes e assenti. – Você não anda atendendo minhas liga...
- Ele passa o dia quase todo na bolsa – disse – E às vezes nem o escuto.
- Como esta Demetria? 
- Na mesma – respondi e logo o elevador chegou, antes de entrar, senti sua mão em meu ante-braço.
- Qualquer coisa... – ela disse, assenti e puxei meu braço, entrando no elevador.
...

Abri a porta do apartamento esperando ver alguém esperando-me, talvez os pais de Demi ou seus amigos, mas a única coisa que vi foi a sala silenciosa. Subi as escadas pensando na conversa que tive com papai. Eu não iria quebrar o acordo, disse que tomaria conta de tudo e fiz isso durante esses quatro anos. Trabalhar naquela empresa era a pior coisa que tinha me acontecido, mas se não fosse por ela, eu não estaria morando nessa cobertura em Manhattam, não tinha dinheiro suficiente para comprar jóias, roupas caras ou bolsas para Demetria. Fui interrompida de meus pensamentos quando vi a porta do quarto entre aberta. Em passos lentos dei uma olhada, odiava quem entrasse em meu quarto a não ser a empregada. 
- O que faz aqui, Madison? – a surpreendi adentrando no quarto, Madison estava sentada na cama com uma caixa sobre as pernas, segurava algumas fotos e havia algumas sobre a cama ao seu lado, eu sabia muito bem que caixa era aquela.
- Eu... – ela gaguejou, mas continuou com as fotos nas mãos.
- Sabia que é feio pegar as coisas dos outros sem permissão? – disse pegando a caixa de suas mãos – E eu odeio quem mexe nas minhas coisas.
- Isso não é só seu – ela disse – É da Demi também.
- Mas ela não está aqui – disse irritada.
- E você está adorando né?
- Sai do quarto, garota! – disse alto, Madison ficou encarando-me por alguns minutos, deixou as fotos que segurava em cima da cama e saiu, mas quando chegou perto da porta, virou-se encarando-me.
- Ás vezes fico me perguntando se essa (SeuNome) feliz e legal das fotos é a mesma (SeuNome) amarga e fria que eu vejo agora – E saiu, sentei-me na cama e passei as mãos pelo os cabelos, e antes mesmo que eu pudesse evitar, as lágrimas já saiam. Olhei para o lado vi uma foto, minha e de Demi, não era apenas uma foto, era a nossa primeira foto como namoradas. Peguei e fiquei encarando-a por minutos. Com certeza a (SeuNome) da foto era outra pessoa completamente diferente dessa (SeuNome) de hoje.

...
-... A cirurgia na coluna foi um sucesso – ouvi o médico falar para Dianna e Eddie.
- E agora? – Dianna perguntou.
- Bem, vamos esperar – ele disse por cima dos óculos – Ela ainda esta em coma profundo e...
- Tem quarenta por centos de chance de sobrevivência – respondi, o médico falou mais alguma coisa para Dianna e logo depois saiu.
- Pensei que não viesse hoje, afinal você passou o dia... – Dianna começou, porém logo a interrompi.
- Não lhe devo explicações – disse e fui ate o sofá sentando-me, Dianna e Eddie sentaram-se no sofá ao lado, pude ouvi-los cochichando, com certeza falando mal de mim.
- Filha – ouvi e quase não acreditei, olhei o vulto que estava parado em minha frente e achei que estivesse sonhando.
- Pai? O que... O que faz aqui? – perguntei levantando-me.
- Lembrei que não havia visitado Demetria depois do acidente – ele disse e vi que estava incomodado por está ali.
- George – ouvi a voz de Eddie e logo papai virou-se.
- Eddie – os dois se cumprimentaram com um aperto de mão – Dianna.
- Olá George – ela o cumprimentou – Quanto tempo, não?
- Sim – papai disse – Sinto muito pelo o que aconteceu com Demetria, espero que ela fique bem.
- Também esperamos – Dianna respondeu dando um suspiro.
- Podemos conversar? – ele perguntou encarando-me.
- Se for para discutir sobre minha ausência no escritório...
- Não é sobre isso – ele interrompeu-me, mordi o lábio e assenti. Deixei meu casaco sobre o sofá como um aviso que eu voltaria e o segui até os elevadores. Chegamos até a cantina do hospital, havia várias mesas vazias, logo papai seguiu até lá.
- O que veio fazer aqui verdadeiramente? – perguntei sem delongas sentando em uma cadeira.
- Como disse, visitar...
- Não sou burra, pai, sei que não sairia da empresa por um motivo desses.
- Não tenho muito tempo - ele disse – Só quero que saiba que me importo com sua vida e você pode até pensar que o acordo foi para lhe dá uma lição, mas não foi, (SeuNome).
- Vai logo ao ponto.
- Me preocupo com você e com Demetria também, afinal ela é sua esposa – ele deu uma pausa – Sei o que você esta passando, filha, sei como é ver a pessoa que você ama com poucas chances de sobrevivência, eu passei por isso com sua mãe e não quero que você passe por isso também.
- Ainda não estou entendendo – disse sentindo um nó na garganta por lembrar de mamãe.
- Irei fazer de tudo para que Demetria saia daqui viva com você do lado – ele meteu a mão no paletó que estava, puxando um papel de lá - Aqui é um cheque, sei que esse hospital é um dos melhores, mas existe outros melhores que ele.
- Pai...
- Posso não parecer um pai amoroso, carinhoso que apóia a única filha, mas ainda sou um pai.

Um comentário:

  1. Toda semana atualizando, sem perder a paciência ou a esperança de que voltaria, valeu a pena, estou feliz que tenha voltado, mesmo que não seja para ficar, pelo menos irá terminar essa história, estou agoniada de tanta ansiedade para saber qual será o desfecho dessa fic.

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