12 de jun. de 2015

11.

"Strong enough to leave you but weak enough to need you..." - In Case.
2008.
 Meus avôs iriam chegar à tarde, então tive a manha toda para me preparar psicologicamente. Não que eu não gostasse deles, eu amava meus avôs, mas vê-los seria como voltar o dia do enterro da mamãe. E com certeza sabia que teria uma hora que eles começariam falar dela, e assim como eles, eu choraria. Não na frente de todos eles, mas no quarto, sairia sorrateiramente com a desculpa que iria até o banheiro, porém isso não era o pior. O pior era que eu não tinha mais Demi ao meu lado para me consolar, as poucas vezes que eles nos visitavam, eu chamava Demi, eles a adoravam, a tratavam como uma neta. Dessa vez eu teria que ser forte, com ou sem Demi. Papai iria ficar o dia em casa, o que é uma coisa muito rara, mas sabia que seria apenas hoje, ele gostava de mostrar aos meus avôs que não se entregou ao trabalho depois que a esposa morreu. 
 Na casa não havia telas ou tintas, todas que eu tinha levei para New York e eu estava precisando me distrair e queria pintar algo para meus avôs, eles não deram opinião quando disse que iria me mudar para NY e ser pintora, vovó foi a única que ficou radiante. 
 "Eu sabia que havia outra artista na família além de mim" ela disse alguns meses antes de me mudar, vovó não era pintora, ela era cantora, não profissional, ela tentou ser, mas em sua época era uma afronta contra seus pais, mas lembro-me perfeitamente quando mamãe tocava piano e ela começava a cantar. Ficava me perguntando por que vovó não seguiu essa carreira, sua voz era incrível. 
 Já que havia brigado com Demi, fui até a única pessoa que conhecia nessa cidade, Dallas. 
- Dói saber que sou sua ultima opção – ela disse adentrando no carro.
- Sem drama – respondi sorrindo – Então, você conhece algum lugar para eu comprar telas e tintas? 
- Porque eu deveria saber umas coisas dessas? – ela perguntou. – Mas sei um ótimo lugar para nos distrair.
- Você sabe que eu não bebo pela manha – disse ligando o carro. 
- Cala a boca, não sou desse tipo – ela disse dando um tapa em meu braço – Estou dizendo que deveríamos ir até um bar e conversar, afinal só conversamos quando você está brigada com Demi.
- Não exagera – disse – E como você sabe que eu e ela brigamos?
- Simples – ela olhou-me – Sei o que aconteceu entre vocês.
- Sabe? – perguntei dando uma rápida olhada para ela.
- Sei sim – Dallas falou assentindo – Foi difícil fazer-la confessar, mas depois que você saiu daqui, ela ficou suspirando pelo os cantos, então juntei as peças e a fiz me contar.
- Isso quer dizer que você sabe sobre...
- Tudo, (SeuNome), meu Deus como você é lerda – ela falou dando outra tapa em mim, porém na cabeça – Sobre o beijo no dia do aniversario dela, sobre o que rolou lá em NY, o ciúmes dela e, alias me agradeça.
- Pelo o que?
- Quem você acha que a convenceu de ir até New York? A gênio aqui – ela respondeu apontando para si mesma.
 Estacionei o carro em frente o restaurante que eu e Demi costumávamos vim para estudar. 
- Sério? – perguntei com uma sobrancelha arqueada.
- Você que quis vim aqui – Dallas falou dando de ombros, entramos e escolhemos uma mesa afastada de todos.
- Você veio até mim por um motivo – ela falou assim que a garçonete saiu depois de ter anotado nossos pedidos.
- Só queria conversar – disse dando um suspiro.
- Comece – ela disse e falei o que tinha acontecido ontem, começando pelo o beijo que Alex havia lhe dado até o que ela disse em casa.
- E sem nenhuma cerimônia disse que estava com ele – disse por fim, Dallas ficou encarando-me por alguns minutos – Você não tem nada para me dizer?
- Nossos pedidos – ela disse e olhei para o lado, vendo a garçonete seguindo em nossa direção, colocou os dois cappuccinos e duas porções de rosquinhas em cima da mesa.
- Então Dallas? – perguntei, ela bebeu seu café e olhou-me.
- Você não acreditou, né? 
- Eles se beijaram, se não fosse por isso eu poderia pensar que ela estava mentindo – disse.
- Demi não namora o Alex, até porque o papai não o perdoou pelo o que ele fez a Demi – Dallas disse com a boca cheia de rosquinha – Ela está tentando fazer ciúmes.
- Mas...
- Talvez eles estejam ficando, mas não passa disso – Dallas me interrompeu – Mas sabe o que você deve fazer? 
- Me diz, por favor – supliquei, Dallas pegou sua bolsa, abrindo-a e tirando de lá seu telefone, discou alguns números e me entregou. – O que é isso?
- Se ela está fazendo ciúmes a você, é justo que você faça o mesmo – ela disse, olhei para a tela de seu celular e um sorriso instantâneo nasceu em meus lábios.
- Você é um gênio, Dallas Lovato.
***

 Nem sabia por que tinha aceitado o plano de Dallas, mas era um plano muito bom, fazer ciúmes a Demi e principalmente com a pessoa que mais odiava, Natalie.
 Meus avós havia chegado a algumas horas e tinha sido incrível vê-los. Vovó adorou ouvir sobre minha vida lá em NY, até meu pai ouviu com atenção. À noite eu iria colocar o plano de Dallas em prática, não queria deixar meus avós sozinhos, mas garanti que iria passar o domingo todo com eles.
 Dallas e Demi me esperavam em frente a casa, Dallas passava batom, enquanto Demi estava de braços cruzados e batendo o pé impaciente. 
- Pensei que tinha desistido – Dallas falou entrando e sentando no banco de trás, Demi abriu do banco carona e entrou rapidamente.
- Olá (SeuNome) – disse encarando-me.
- Demetria – disse, a vi colocar o cinto e logo liguei o carro. – Dallas, chamei mais alguém para ir com a gente, você não se importa, né?
- Claro que não – Dallas falou e me segurei para não rir, éramos uma bela dupla de mentirosas – Você se importa, Demi?
- Tanto faz – ela deu de ombros, olhei para Dallas pelo o retrovisor lançando um olhar de "isso vai dá merda". O caminho foi bastante tranqüilo, a única que estava quieta era Demi, não falava nada e muito menos parecia querer está ali. Estacionei o carro em frente à casa de Natalie. Demi franziu o cenho e virou-se encarando-me.
- Essa casa é da... – Demi foi interrompida por Natalie que abria a porta do carona, olhou para Demi com um olhar de poucos amigos e aposto que Demi fez o mesmo, finalmente Demi se rendeu e saiu, indo para o banco de trás com Dallas.
- Onde vamos? – Natalie perguntou animadamente como se tivesse apenas nós duas no carro.
- Estou aberta a idéias – disse e a vi sorrir.
- Tem uma boate muito boa aqui perto – Natalie disse – Mas é para maiores de idade.
- Isso não é problema - disse e a vi virar-se encarando Demi.
- Você é maior de idade, Demetria? – Natalie perguntou, olhei para Demi pelo o retrovisor, ela abriu a boca para responder – rudemente, aposto – mas voltou a fechá-la.
- Sou sim – ela disse por fim dando um sorriso falso – Você é Natasha?
- É Natalie – disse e virou-se para frente, pude ver Demi revirar os olhos pelo retrovisor. 
- Então vamos para a tal boate – disse tentando amenizar o clima, o que não adiantou, ouvia Demi suspirar, cochichar com Dallas que não queria está ali e ainda tinha Natalie, sabia que estava usando-a e isso me fazia sentir um lixo, eu tinha uma queda por ela no colegial, mas depois desses sentimentos por Demi, eu não tinha olhos para mais ninguém, clichê não? 
Estacionei o carro e notei que a boate era bastante movimentada, Natalie saiu na frente e logo Dallas a seguiu.
- Pensei que não gostasse de lugares movimentados – ouvi atrás de mim.
- Não gosto – disse virando-me, Demi tinha os braços cruzados e encarava-me. – Mas sempre tem uma primeira vez.
- E essa primeira vez se chama pegar a Natalie? – Demi disse sarcástica, fiquei encarando-a por alguns minutos, sei que ela estava tentando desvendar minha expressão, mas era fácil desvendar já que eu estava sorrindo por dentro, vê-la com ciúmes era a melhor coisa que podia me acontecer, isso significava que ela tinha sentimentos por mim e não era só sentimentos de amizade.
- Descobriu meu segredo – respondi e virei-me, Natalie comprava nossas entradas – Tudo bem aí?
- Hoje a noite promete – ela disse mordendo o lábio.
 Com certeza aquele não era meu tipo de ambiente, muitas pessoas, música alta, cochichos, foi então que senti a mão de Natalie entrelaçar-se na minha puxando-me para o bar.
- Vodca – ela pediu e olhou-me – O que vai querer?
- O mesmo – respondi, Natalie deu um sorriso e logo vi Dallas e Demi se aproximarem.
- Já avistei três gatinhos – Dallas disse, olhei para Demi que prestava atenção na pista de dança, sabia que ela não queria me encarar. Dallas pediu seu drink e foi para pista de dança, Demi estava segurando um copo e sua expressão não era nada boa. Talvez estivesse brincando com a sorte, poderia muito bem chamá-la para conversar e dizer o que vim dizer, parecia fácil falar, mas não era. Bebi meu drink e aproximei-me de Demi, mas antes que eu abrisse a boca para falar algo, vi uma Natalie suada e ofegante ficar em minha frente.
- Vamos dançar – disse e puxou-me para a pista de dança, olhei por cima do ombro e vi Demi nos  fuzilar com o olhar.
 Natalie dançava bem perto de mim, passando a mão pelo corpo, mordendo o lábio, se mexendo de acordo com a batida da música. 
- Você não está se soltando – ela disse em meu ouvido, claro que não estava me soltando, primeiro por que ali não era o meu tipo de local e segundo porque não sabia dançar, dei um sorriso e sussurrei no ouvido de Natalie.
- Não sei dançar – ela sorriu e se aproximou-se mais de mim, se é que era possível, botou as mãos em minha cintura e encarou-me.
- Apenas se mexa de acordo com a música – então comecei numa tentativa frustrada de tentar dançar, Natalie apenas observava e ria.
- É, você não sabe dançar – ela disse alto por conta da música – Mas sei uma coisa que você sabe.
 Arqueei as sobrancelhas confusa e apenas a vi passar os braços por meu pescoço e me beijar. Rapidamente retribui, passando meus braços por sua cintura, separamos o beijo e meu olhar foi diretamente para Demi no bar, porém ela não estava mais lá, olhei para o lado a procura de Dallas e vi que estava beijando-se com um cara. 
- Por quem está procurando? – ouvi Natalie perguntar, a encarei e vi que estava séria.
- Por ninguém – disse.
- Você e a Demi tem algo?
- Não, só somos amigas, pelo menos eu acho que continuamos amigas – disse, ela assentiu e logo selou nossos lábios. Ficamos um tempo se beijando, cada beijo o clima ficava mais intenso, Natalie arranhava meu pescoço com suas unhas e eu apertava sua cintura, descia meus beijos para seu pescoço e a ouvia gemer.
- Vamos sair daqui – ela disse olhando-me, assenti e logo a vi puxando-me para fora da boate, dei uma ultima olhada por cima do ombro para ver Demi e acabei me arrependendo do que vi, Demi conversava com alguns garotos no bar, senti um ódio crescer dentro de mim e virei-me seguindo Natalie. 
 Enquanto procurava as chaves do carro, Natalie beijava meu pescoço, quanto finalmente achei não tive nem tempo de abrir a porta do motorista, Natalie pegou as chaves e abriu o banco de trás, a encarei confusa. Ela tinha uma expressão diferente no rosto, mordeu o lábio inferior e empurrou-me, senti minhas costas baterem no banco e logo Natalie já estava em cima de mim, beijando meu pescoço, sei que o clima estava esquentando e Natalie já tirava minha blusa, mas eu só conseguia pensar em Demi e aqueles outros caras. Natalie já tentava abrir os botões de minha calça, peguei em seus ombros e afastei.
- Para – disse e a vi me encarar confusa.
- Como? – ela perguntou, mas logo voltou a beijar meu pescoço.
- Não posso fazer isso – disse e novamente Natalie parou o que estava fazendo para encarar-me.
- O que?
- Eu gosto de você e é por isso mesmo que não posso fazer isso – disse e levantei-me, sentando no banco.
- Não estou...
- Estou usando você – disse – Te trouxe para fazer ciúmes a Demi, não sabia que iria ficar assim, tão intenso e... Eu sinto muito.
 Natalie me encarava com um expressão que eu não sabia dizer, ela botou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha e pegou sua blusa que estava no banco assim como a minha.
- Você quer que eu te deixe em casa? 
- Eu pego um táxi – ela disse rapidamente.
- Natalie, eu sinto muito mesmo.
- Eu sei que sente – ela disse forçando um sorriso e pegando em meu rosto - No dia do aniversário da Demi, vi o jeito que ela olhou para mim quando me viu com você – ela deu um sorriso – Ela gosta de você e acho que você deve falar com ela o mais rápido possível.
- Acha mesmo?
- Demi é sortuda por ter uma pessoa como você gostando dela – E assim saiu, fiquei um tempo pensando no que tinha acabado de acontecer, Natalie tinha dado força para eu falar com Demi. Então me dei conta que realmente estava apaixonada por Demi, não consegui ficar realmente com outra pessoa e quando quase ia ficando, eu pensava nela. Vesti a blusa de volta, ajeitei o cabelo que estava um pouco bagunçado e voltei para boate. Fui em direção ao bar e lá estava Demi ainda conversando com os caras.
- Podemos conversar? – sussurrei em seu ouvido, Demi virou-se e sua cara se fechou – Vim em paz.
- Estou ocupada.
- É sério, Demi – disse e a vi arquear as sobrancelhas, sabia o que ela queria – Por favor.
- Cinco minutos – ela disse, assenti e segui em direção ao estacionamento, queria um lugar sem barulho. Demi estava encostada no carro com cara de poucos amigos, respirei fundo e cruzei os braços.
- Eu... – comecei, mas logo fui interrompida.
- O que aconteceu com a Natalie? Foi uma rapidinha? Por que do jeito que vocês...
- Natalie foi embora – disse cortando-a.
- Foi é? Não foi bom para...
- Será que você ´pode parar de agir assim?! – disse sem paciência – Quero ter uma conversa séria com você.
- Pois eu não quero – Demi falou – Já não basta vim com a Natalie agora quer...
- O que você tem contra a Natalie?
- Não tenho nada contra ela – Demi disse cruzando os braços. – Natalie é...
- O assunto aqui não é a Natalie – disse interrompendo-a – O assunto aqui é eu e você, Demi.
- Acho que não é hora e nem lugar para...
- Pare de ficar na defensiva – disse interrompendo-a – Quer saber? Acho que é melhor esquecer tudo isso.
- Do que está falando? – Demi perguntou confusa.
- Daquele maldito beijo! – disse, na verdade gritei, Demi arregalou os olhos – Merda, só consigo pensar nele, só consigo pensar em você Demi! E isso tá me enlouquecendo, nem pintar eu consigo e você sabe como eu fico quando não consigo pintar? Depois que você desapareceu do apartamento e não me dava um sinal de vida, decidi vim até aqui e falar tudo, falar tudo que estou sentindo e olha o que aconteceu. Vi você com o cara que eu mais odeio e acabei de dispensar uma garota incrível, e isso não é o pior, o pior é que merda Demi, eu pensei que falando tudo isso as coisas iriam, sei lá, ficar tudo bem de novo, mas vejo que não ficou e nem vai ficar.
 Parei e vi que Demi me olhava sem esboçar nenhuma reação, nem piscar ela fazia isso, respirei fundo e passei as mãos pelo os cabelos.
- Não vai falar nada? – perguntei, Demi ainda me encarava com as sobrancelhas adequadas com uma expressão de surpresa, assenti e abri a porta do carro – Entendi, tudo bem, sabia que isso iria acontecer... Vou ter que ir agora, fale para Dallas que eu tive que ir, adeus Demi.
- (SeuNome) – virei-me e Demi me encarava ainda confusa. – Eu não sei o que...
- Tudo bem, Demi – disse e forcei um sorriso, respirei fundo e abri a porta do carro. Antes de sair dali, olhei para onde Demi estava porém ela não estava mais ali. Respirei fundo e liguei o carro saindo o mais de presa possível.

4 comentários:

  1. SEM PALAVRAS, apenas muiiito ansiosa pelo próximo, realmente não consigo dizer algo sobre esse cap além de magnifico, não dá para entrar em detalhes, pq amei absolutamente TUDOOO. <3333

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  2. Ameeeeeei perfeito! Simplesmente prefeito!

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  3. Ameeeeeei perfeito! Simplesmente prefeito!

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  4. Ameeeeeei perfeito! Simplesmente prefeito!

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